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homenagem ao rapper Nipsey Hussle
Pessoas choram após uma correria que deixou 19 feridos, durante homenagem ao rapper Nipsey Hussle em 1º de abril de 2019, em Los Angeles, Califórnia | Foto: David McNew/AFP| Foto:

O rapper indicado ao Grammy, Nipsey Hussle, tinha uma reunião importante na tarde de segunda-feira (1º). Mas não era com um colega músico, nem tinha nada a ver com sua ascendente carreira no hip-hop. Hussle ia se encontrar com o presidente do Conselho de Polícia de Los Angeles e com o chefe de polícia da cidade para resolver uma questão que, junto com sua música, definiu sua vida: a violência das gangues.

De acordo com Steve Soboroff, presidente da comissão de polícia da cidade, Hussle queria "falar sobre maneiras de ajudar a acabar com a violência de gangues e nos ajudar a ajudar as crianças". O nativo de Los Angeles, de 33 anos, tem sido transparente sobre sua história como membro do Rollin 60, que ele descreveu como "uma das maiores gangues de Crip (gangues do sul da Califórnia) da nossa geração".

Mas Hussle não esteve presente naquela reunião.

No domingo (31) ele foi morto em um tiroteio do lado de fora de sua loja de roupas, no sul de Los Angeles, de acordo com autoridades da cidade, incluindo o prefeito de Los Angeles, Eric Garcetti. Outros dois ficaram feridos no tiroteio, segundo a polícia.

Sua morte foi um choque para Los Angeles e os Estados Unidos. Autoridades municipais, celebridades e fãs lamentavam a perda de um talentoso músico e organizador comunitário dedicado.

Na segunda-feira à noite, centenas de pessoas se reuniram do lado de fora da loja, carregando velas, flores e balões. A música de Hussle tocava nos alto-falantes enquanto membros da comunidade usavam um megafone para compartilhar memórias do tempo que o cantor passou na vizinhança.

Mas depois das 20h, a multidão de repente começou a correr. Alguns gritaram que tiros tinham sido disparados. Um músico da vigília contou mais tarde ao Times que uma briga havia começado e os presentes provavelmente confundiram o som de garrafas e velas se despedaçando por tiros.

Vídeo da cena mostra os fãs gritando, enquanto policiais tentam manter a ordem.

No Twitter, o chefe da polícia de Los Angeles, Michel Moore, disse que os “relatos iniciais de tiros disparados não parecem ser precisos”. Embora várias emissoras de TV locais também tenham informado que até seis pessoas foram esfaqueadas, um porta-voz da polícia disse que as lesões pareciam, na maior parte ser causado pela fuga em debandada de cerca de 300 pessoas. Segundo a CNN, 19 pessoas ficaram feridas, duas em estado grave.

Depois da confusão, a polícia anunciou que havia identificado Eric Holder como suspeito do assassinato. Holder contou à polícia que por volta das 15h20, quando o rapper e outros dois homens estavam na frente da loja, ele foi até eles e "disparou inúmeros tiros". Holder supostamente correu para um beco próximo e pulou em um carro que o esperava, disse um comunicado à imprensa.

Hussle e um dos homens foram levados para um hospital, onde o músico foi declarado morto às 15h55, de acordo com o comunicado de imprensa divulgado na tarde de segunda-feira pelo escritório do legista do condado de Los Angeles. O legista determinou que Hussle morreu de ferimentos de bala na cabeça e no tronco, e certificou sua morte como um homicídio.

A outra pessoa hospitalizada estava em “condição estável” e “esperava-se que recebesse alta”, disse o tenente Chris Ramirez ao Washington Post no domingo.

A polícia ainda está investigando o motivo do crime, informou o Los Angeles Times.

Cantor e ativista

Hussle, cuja ascensão no mundo do rap foi descrita por Chris Richards, do The Post, como "tenazmente lenta, mas surpreendentemente estável", lançou seu primeiro álbum, "Victory Lap", no ano passado, recebendo uma indicação de melhor álbum de rap no Grammy Awards de 2019. Mas além de sua música, Hussle era amplamente admirado por sua dedicação em melhorar a vida dos residentes, especialmente dos jovens, no sul de Los Angeles.

Antes de sua morte, Hussle esteve ativamente envolvido em vários projetos comunitários, que incluíram a reconstrução de uma quadra de basquete da escola primária e o aprofundamento da ciência, tecnologia, engenharia e educação matemática. Hussle também participou de um projeto artístico destinado a celebrar a cultura negra da cidade.

Nativo de Los Angeles e nascido com o nome Ermias Joseph Asghedom, Hussle foi transparente sobre sua história como membro do Rollin 60.

"Eu só quero retribuir de forma eficaz", disse ele ao Los Angeles Times em 2018. "Eu me lembro de ser jovem e realmente ter as melhores intenções e meus esforços não serem reconhecidos. Você está, tipo, "eu realmente vou me fixar em meus objetivos, minha paixão e meus talentos", mas você não vê apoio ao redor. Você não vê nenhuma estrutura ou infraestrutura construída e fica um pouco frustrado".

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