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Gravações

Corte Suprema da Colômbia denuncia complô do governo

Aliança com ex-paramilitares de direita agravam crise entre Judiciário e Executivo. Uribe afirmou que é normal funcionários receberem pessoas que dizem ter informações de segurança ou de comprometimento ao Estado

Uribe se defendeu em entrevista coletiva afirmando que não enlameou "os magistrados", apenas tinha que "escutá-los porque houve um tráfico de testemunhas que é grave" | John Vizcaino / Reuters
Uribe se defendeu em entrevista coletiva afirmando que não enlameou "os magistrados", apenas tinha que "escutá-los porque houve um tráfico de testemunhas que é grave" (Foto: John Vizcaino / Reuters)

A Corte Suprema da Colômbia disse nesta segunda-feira (25) ser vítima de um complô de parte do governo de Álvaro Uribe, em aliança com ex-paramilitares de direita. Uribe rejeitou as acusações, que agravam os atritos dos últimos meses entre Executivo e Judiciário.

O presidente da Corte, Francisco Javier Ricaurte, baseou a denúncia em gravações, divulgadas pela revista Semana, que comprovam a realização de encontros entre autoridades e representantes dos paramilitares na sede do governo.

"Isso vem demonstrar que se está preparando um complô contra a Corte Suprema de Justiça para desacreditar seus magistrados e deslegitimar as decisões que se adotam dentro das investigações, com motivo dos estreitos vínculos de alguns congressistas com o paramilitarismo", disse Ricaurte à rádio Caracol.

Na semana passada, a Procuradoria Geral destituiu um irmão do ministro do Interior e Justiça, Fabio Valencia, por supostas ligações com um traficante foragido.

Ricaurte prometeu informar a situação ao promotor-chefe do Tribunal Penal Internacional, Luis Moreno Ocampo, que está em visita à Colômbia.

O chefe da Corte Suprema pediu que a Procuradoria Geral e o Ministério Público investiguem sua denúncia.

O secretário jurídico do governo, Edmundo del Castillo, e o secretário de imprensa da presidência, César Mauricio Velásquez, admitiram que se reuniram com o advogado de Diego Fernando Murillo, ex-chefe paramilitar extraditado para os EUA, e com outro líder das milícias, assassinado recentemente em Medellín.

Os funcionários disseram ter participado dos encontros porque essas pessoas supostamente teriam informações sobre um complô da Justiça contra o governo.

"Enlamear os magistrados? Não, de maneira nenhuma. Tínhamos de escutá-los porque aqui houve um tráfico de testemunhas que é grave, e houve especialmente contra o presidente da República", disse Uribe em entrevista coletiva.

Ele acrescentou que é habitual no seu governo que funcionários recebam pessoas que dizem ter informações de segurança ou que comprometam o Estado. "Este presidente se equivoca, é de carne e osso, mas não engana os colombianos", disse ele, negando que tenham sido reuniões clandestinas e lembrando que foi o seu governo que estabeleceu um acordo, a partir de 2003, para desmobilizar 31 mil paramilitares.

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