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Manifestante usa correntes em si mesmo durante passeata a favor de Manuel Zelaya, na última sexta-feira | Orlando Sierra/AFP
Manifestante usa correntes em si mesmo durante passeata a favor de Manuel Zelaya, na última sexta-feira| Foto: Orlando Sierra/AFP

Proposta é satisfatória, diz OEA

Às vésperas da viagem, o secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, declarou estar animado com o espírito de diálogo e que a missão viajará com "disposição de escutar todos os protagonistas relevantes desta situação que se prolonga há um demasiado tempo".

Para Insulza, o acordo proposto por Arias "é um texto satisfatório e permite retornar à situação prévia à da madrugada de 28 de junho, repondo o presidente constitucional e atendendo às principais apreensões e demandas que deram origem à crise".

O chanceler panamenho, Juan Carlos Varela, disse que o diálogo é fundamental "para garantir a integridade pessoal dos hondurenhos e o retorno, tão logo seja possível, da institucionalidade democrática".

"A missão de chanceleres deve contribuir à formação de um governo de unidade nacional que inicie e presida o processo eleitoral, permitindo assim que este seja reconhecido pela comunidade internacional", afirmou Varela.

A eleição presidencial de Honduras está prevista para o dia 29 de novembro, porém, o governo de Micheletti já declarou diversas vezes que não aceitará a condição imposta no pacto e que o pleito ocorrerá sob o seu regime.

Anteriormente, Micheletti também havia vetado a viagem da delegação da OEA, pois não aceitava a participação de Insulza. Contudo, voltou atrás em sua decisão e o aceitou na condição de observador.

São Paulo - A Corte Suprema de Justiça de Honduras, ao analisar ontem a proposta de acordo feita pelo presidente costa-riquenho, Óscar Arias, para tentar restabelecer a democracia no país após o golpe perpetrado por militares no final de junho, rejeitou a possibilidade de restituição de Manuel Zelaya à Presidência hondurenha.

Pelo Acordo de San José, encaminhado pelo presidente costa-riquenho, Zelaya voltaria à Presidência, mas renunciaria à tentativa de convocar uma Assembleia Constituinte.

A consulta, proposta pelo presidente deposto, mas declarada inconstitucional pela corte, foi usada como motivo pelos militares para o golpe.

Zelaya, segundo a decisão da corte divulgada ontem, não pode voltar a chefiar o Executivo do país pois é acusado de "traição à pátria, abuso de autoridade e usurpação de funções".

Pressionados por outros países latino-americanos, EUA e União Europeia, os poderes de fato em Honduras têm analisado a proposta de Arias de forma lenta, contribuindo para o governo golpista ganhar tempo e se consolidar no poder no país.

O Congresso, o Executivo e outras cortes do Judiciário já rechaçaram partes da proposta – como a que pedia antecipação da eleição presidencial no país, recusada pelo Tribunal Supremo Eleitoral.

Em um gesto que é considerado tanto por partidários do governo golpista de Roberto Micheletti quanto por aliados de Zelaya como a última tentativa para tentar salvar o Acordo de San José, chega hoje a Hon­duras uma delegação de chanceleres de sete países, apoiados pela Organização dos Estados Americanos (OEA).

O governo de Micheletti declarou que os ministros "são bem-vindos", mas que uma volta de Zelaya ao poder é "inegociável".

O deputado Marvin Ponce, aliado do presidente deposto, disse que o fracasso da proposta de Arias levará ao "fim da esperança de se chegar a um acordo por vias diplomáticas".

É com esse cenário que a missão da OEA se reunirá em Hon­duras hoje com autoridades públicas e também com representantes do setor privado, incluindo representantes de igrejas, empresários, trabalhadores, candidatos presidenciais e organizações da sociedade civil.

Hoje, os chanceleres Jorge Taiana, da Argentina, e Juan Carlos Varela, do Panamá, confirmaram que participarão da delegação, que será formada ainda pelos ministros das Relações Exteriores de Canadá (Peter Kent), Costa Rica (Bruno Stagno), Jamaica (Kenneth Baugh), México (Patricia Espinosa) e República Dominicana (Carlos Morales Troncoso).

Em um comunicado, a Chan­­celaria argentina confirmou que a "comitiva da OEA se reunirá com distintas instâncias públicas e privadas a fim de impulsionar a assinatura do Acordo de San José, proposto pe­­lo presidente da Costa Rica, Óscar Arias".

Por sua vez, o chanceler pa­­na­­menho considerou que "os contatos do Panamá são como coadjuvantes para melhorar a comunicação no processo de mediação de San José e esperamos que, produto dos mesmos, as partes consigam resolver de forma pacífica e democrática as suas diferenças".

"Há comunicação permanente entre o presidente Ricardo Martinelli e os mandatários da região, assim como entre os chanceleres para buscar uma saída à crise de Honduras", disse Varela.

O ministro indicou ainda que a missão buscará "um consenso sobre o Acordo de San José, única direção a seguir junto ao retorno a uma plena democracia e à reconciliação entre todos os hondurenhos".

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