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É cada vez maior a pressão popular para que o governo americano se empenhe mais contra as atrocidades na região sudanesa de Darfur, embora haja cada vez menos opções para conter o que os EUA qualificam de genocídio.

Em meio aos preparativos para manifestações marcadas para domingo em todo o país com o tema "Salve Darfur", cinco parlamentares americanos foram presos na sexta-feira em Washington por protestarem em frente à embaixada sudanesa.

O presidente George W. Bush deu aval às manifestações do fim de semana e se reuniu com grupos de ativistas que as organizam. Os eventos devem atrair astros de Hollywood, músicos, líderes religiosos e políticos de todas as tendências.

- Eles concordam com centenas de milhares dos nossos cidadãos no sentido de que o genocídio no Sudão é inaceitável - disse Bush após o encontro com os organizadores do protesto. - Quero que o governo sudanês entenda que os Estados Unidos da América levam a sério a resolução desse problema.

Mais de 160 organizações religiosas e humanitárias participam da organização dos eventos de domingo, quando termina o prazo para que as facções em conflito em Darfur cheguem a um acordo de paz nas negociações que se arrastam na Nigéria.

Analistas estão pessimistas com a conclusão do acordo no prazo previsto pela União Africana, que mantém cerca de 7 mil soldados em condições precárias em Darfur - os EUA querem que tropas da ONU se somem a eles. O governo do Sudão diz que só aceitará tropas da ONU se houver acordo na Nigéria. Se não, analistas políticos dizem que haverá cada vez menos saídas.

- As opções para Darfur estão definitivamente se esgotando - disse Princeton Lyman, especialista em África no Conselho de Relações Exteriores e ex-embaixador dos EUA na África do Sul.

A ONU e os EUA acusam o governo sudanês de armar milícias árabes que fazem uma campanha de estupros, assassinatos e saques que já levou 2 milhões de pessoas a fugirem das suas casas e provocou dezenas de milhares de mortes.

Embora o governo Bush diga estar na liderança da pressão internacional contra o Sudão, muitos especialistas dizem que os EUA são brandos demais com Cartum e que não conseguem atrair potências importantes, como Rússia e China, para o problema.

Bush anunciou na quinta-feira novas sanções contra pessoas suspeitas de ajudar o genocídio.

Pesquisa do instituto Zogby Internacional feita no mês passado junto a eleitores norte-americanos mostrou que 70% apoiariam a imposição de uma zona de exclusão aérea no Sudão, para evitar bombardeios a civis, e 59% acham que poderia haver mais empenho diplomático.

O especialista John Prendergast disse que Washington precisa pressionar mais o governo sudanês a aceitar uma força da ONU em Darfur, e previu que as manifestações de domingo terão "impacto decisivo" em fazer Bush ser mais incisivo.

- Há uma crescente rede de grupos de cidadãos que tentam a mudança. Vamos ver nas próximas semanas quem ganha essa batalha - afirmou.

Lyman disse que o governo Bush deveria pressionar a União Africana a se empenhar mais.

- A União Africana tem de ser confrontada e informada de que está pisando fora da linha - disse Lyman. - Cartum não está sentindo nenhuma pressão neste momento. Nenhuma.

O conflito de Darfur atrai ativistas de todo o espectro político e religioso - líderes judeus, como o Nobel Elie Wiesel, evangélicos, liberais e conservadores.

Darfur também se tornou um tema caro às universidades. Em março, a da Califórnia decidiu retirar seu dinheiro de fundos que investem em nove empresas que fazem negócios com o Sudão.

A rede MTV, voltada para jovens, vai participar da manifestação de domingo em Washington e lançará um videogame que tem Darfur como alvo.

- Nossa campanha é fortalecida por estudantes de faculdades que não estão dispostos a permitir que o primeiro genocídio do século 21 aconteça sob suas vistas - disse Ross Martin, representante da rede.

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