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Estudantes caminham na periferia de Damasco: ir à escola no país se tornou um desafio | Bassam Khabieh/Reuters
Estudantes caminham na periferia de Damasco: ir à escola no país se tornou um desafio| Foto: Bassam Khabieh/Reuters

4 mil escolas foram prejudicadas, destruídas ou servem de abrigo na Síria. Ativistas afirmam que, em áreas controladas por rebeldes, mais da metade das escolas está fechada. As poucas que funcionam estão constantemente sob ameaça. Recentemente, um ataque aéreo do governo sírio atingiu uma escola da cidade de Raqqa, controlada por rebeldes, matando mais de uma dúzia de pessoas. Parte dos mortos eram alunos que estavam no primeiro dia de aula.

Segurando seus livros próximos ao corpo, Abdo al-Fikri, de 12 anos, entrou animado em uma sala de aula em Madaya, vilarejo no norte da Síria, controlado pela oposição. O irmão e a irmã do menino estavam atrás dele.

Os três voltaram à escola após um ano sem aulas. A região tem sofrido com constantes batalhas entre forças de oposição e as tropas do governo de Bashar Assad. Assim como quase tudo em Madaya, a escola foi obrigada a fechar as portas devido à violência.

Apesar do constante risco de um bombardeio, Abdo e outros 200 alunos voltaram às aulas no vilarejo buscando desesperadamente alguma normalidade em tempos de guerra. "Vamos para a aula com medo", diz o menino. "Eles nos cobrem de foguetes, aviões e mísseis."

No início das aulas na escola de Madaya, as crianças aprenderam a contar até dez em inglês. Para muitas delas, somente o fato de estarem de volta na sala de aula é um lembrete de como era a vida antes da guerra.

Dever

Depois da aula, Abdo volta para casa, onde seu pai, Ahmed al-Fikri, ajuda-o com o dever de casa. Um rifle AK-47 enfeita a parede ao lado de onde eles jantam, uma vez que Ahmed é membro da oposição. "Nossa vida se tornou tão difícil que não temos nada para dar às nossas crianças. Quando precisamos comprar uma caneta ou encontrar livros e outros materiais, não conseguimos nada nas lojas", conta.

Ahmed disse que seu filho pode acabar tendo de deixar a escola para lutar contra Assad se a guerra continuar. Segundo ele, isso será um dever moral e religioso. Mas Abdo diz que não quer lutar. Ele prefere correr para jogar futebol com os primos nas ruas empoeiradas de Madaya, agarrando-se ao que sobrou de sua infância.

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