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Os governos devem reprimir os mercados abastecidos pela "superpotência" global composta por quadrilhas que traficam drogas, pessoas, armas e produtos falsificados, disse nesta quinta-feira o diretor de combate ao crime da Organização das Nações Unidas (ONU).

O italiano Antonio Maria Costa disse à Reuters, comentando um relatório divulgado pelo seu Escritório da ONU para Drogas e Crimes, que os criminosos estão faturando dezenas de bilhões de dólares no mundo.

"Temos de começar a tratar dos mercados, que são gigantescos", disse Costa, segundo quem os fornecedores desses mercados são uma "superpotência" transnacional bem armada.

O relatório, intitulado "A Globalização do Crime", diz que o tráfico de seres humanos para a exploração sexual na Europa gera anualmente 3 bilhões de dólares, e que o envio ilegal de trabalhadores para a Europa e os EUA gera 7 bilhões de dólares por ano.

O mercado de heroína na Europa representa 20 bilhões de dólares, e a entrada de produtos falsificados no continente é avaliada em 10 bilhões de dólares anuais.

"Prender alguns traficantes pode desviar os fluxos, mas não irá interrompê-los", disse Costa num discurso escrito para ser lido à Assembleia Geral da ONU.

"Outros criminosos irão preencher a lacuna, desde que haja dinheiro a ser ganho. Portanto, a fim de combater de modo mais eficiente o crime organizado, devemos alterar o foco de atrapalhar as máfias para atrapalhar os mercados."

Segundo Costa, os países devem coibir também a corrupção nos setores público e privado.

"Precisamos coibir os cúmplices do crime, como o Exército de criminosos do colarinho branco --advogados, contadores, agentes imobiliários e banqueiros-- que os acobertam e lavam seus rendimentos."

"Eu lhes peço especialmente que fortaleçam as medidas contra a lavagem de dinheiro e contra a corrupção", afirma ele no discurso.

Costa acusou os países da ONU de terem uma "negligência benigna" com relação à Convenção contra o Crime Organizado Transnacional, de 2000.

"Por isso, o crime se internacionalizou mais rápido do que o policiamento e a governança mundiais."

O problema, segundo ele, não se limita a nações em desenvolvimento. Os países mais ricos, inclusive o Grupo dos Oito (nações industrializadas), também são afetados pelo crime organizado.

"Se você olhar os fluxos ilícitos, eles quase sempre se dirigem para o norte. As maiores economias do mundo, a saber o G8 e os países Bric (Brasil, Rússia, Índia e China), são os maiores mercados para o comércio ilícito."

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