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| Foto: KH/yhh/SANA

O ditador sírio, Bashar al-Assad, atribuiu a nações ocidentais a responsabilidade pela crise de refugiados devido ao apoio que esses países têm dado a grupos insurgentes no contexto da guerra civil na Síria.

Em entrevista divulgada nesta quarta-feira (16) por meios de comunicação russos, Assad disse que se os países da Europa “se importam com eles [refugiados], deveriam parar de apoiar terroristas”.

“A Europa chama de ‘moderados’ os terroristas e os divide em grupos, quando, na realidade, são todos extremistas”, afirmou. “Isso é o que pensamos sobre a crise. Essa é a essência de todo o problema dos refugiados.”

A guerra civil na Síria, que já deixou mais de 220 mil mortos, deu origem à principal crise de refugiados desde a Segunda Guerra. Desde o início do conflito, em 2011, mais da metade dos cerca de 20 milhões de habitantes desse país árabe foi forçada a deixar suas casas. Cerca de 7,6 milhões fugiram para outras partes da Síria, enquanto 4 milhões se refugiaram em outros países, principalmente os vizinhos Turquia, Líbano e Jordânia.

Uma pequena parte desses refugiados tenta ir à Europa, contribuindo para o agravamento da crise migratória que afeta esse continente. Segundo o Acnur (Alto-Comissariado das Nações Unidas para Refugiados), mais de 411 mil pessoas atravessaram o Mediterrâneo para tentar entrar na Europa desde o início do ano.

A maioria dessas pessoas está fugindo do agravamento do conflito na Síria, e alguns deixaram campos de refugiados em outros países do Oriente Médio, onde este ano o Programa Mundial de Alimentos teve de reduzir à metade sua assistência alimentar devido ao cortes de verbas.

“Sentimos dor por todas as vítimas inocentes, mas por acaso a vida de uma pessoa afogada no mar tem mais valor que a de uma morta na Síria? Como se pode lamentar a morte de uma criança no mar e fazer pouco caso de milhares de crianças, mulheres e idosos vítimas do terrorismo na Síria?”, questionou Assad.

Guerra civil

A Síria mergulhou em uma violenta guerra civil em março de 2011, no contexto do levante popular conhecido como Primavera Árabe, após setores da população pegarem em armas para tentar derrubar Assad.

Desde então, o controle sobre o território do país está fragmentado entre forças leais ao regime e grupos insurgentes, como a facção radical Estado Islâmico, o Exército Livre da Síria e a frente al-Nusra, ligada à Al-Qaeda.

O ditador sírio disse, segundo a agência de notícias Interfax, que poderia renunciar caso a população de seu país exigisse isso em um processo democrático, mas que não deixaria seu cargo apenas por pressão dos Estados Unidos, das Nações Unidas ou qualquer outra força estrangeira.

Atualmente, os Estados Unidos lideram uma campanha de ataques aéreos contra posições do EI, mas não colaboram diretamente com o Exército sírio.

“Eles [EUA] não conseguem aceitar a realidade de que nós somo a única força combatendo o EI por terra”, afirmou Assad. “Se [os EUA] cooperassem com o Exército sírio, seria um reconhecimento de nossa efetividade no combate ao EI.”

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