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O Conselho Presidencial de Transição do Haiti anunciou neste domingo (10) a destituição do primeiro-ministro Garry Conille e sua substituição pelo empresário Alix Didier Fils-Aimé, ex-presidente da Câmara de Comércio do país caribenho.
Em meio a uma crise política e de segurança que parece não ter fim, Fils-Aimé será o quarto premiê do Haiti em sete meses: antes dele, Ariel Henry, Michel Patrick Boisvert e Conille exerceram o cargo desde abril.
Numa carta, Conille, que já havia sido premiê do Haiti entre outubro de 2011 e maio de 2012, criticou sua destituição.
“Ao violar diretamente tanto a Constituição como os textos que regem a transição, esta resolução constitui um abuso de poder e um fracasso que mina os princípios fundamentais da nossa democracia”, escreveu.
Segundo o jornal Miami Herald, o conselho de transição vinha fazendo pressão para que Conille trocasse os ministros da Justiça, Finanças, Defesa e Saúde, mudanças às quais o agora ex-premiê se opunha.
Ele havia sido nomeado em maio pelo conselho de transição. Fritz Bélizaire havia sido escolhido para o cargo no final de abril, mas o processo de nomeação do primeiro-ministro foi refeito dias depois porque críticos apontaram que a escolha de Bélizaire, que não chegou a exercer o cargo, não seguiu os trâmites estabelecidos para a criação do conselho de transição.
Antes, veio Michel Patrick Boisvert, que havia sido designado primeiro-ministro interino pelo colegiado de transição após seus membros serem empossados em 25 de abril.
O conselho tem a tarefa de organizar a realização de eleições e a formação de um novo governo até fevereiro de 2026, em meio a uma crise de violência generalizada que se agravou a partir de fevereiro, com a recusa do então primeiro-ministro Ariel Henry em deixar o cargo, que ocupava desde 2021.
Por fim, houve um acordo e ele renunciou poucas horas antes do Conselho Presidencial de Transição tomar posse, em abril.
Ao mesmo tempo, uma missão internacional de paz tenta ajudar as forças de segurança locais a conter a ação das gangues no país, mas por enquanto poucos agentes, do Quênia, da Jamaica e de Belize, chegaram ao Haiti.