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Policial prestes a bater em um manifestante durante um protesto contra as medidas de austeridade na Grécia, ocorrido em junho | Aris Messinis/AFP
Policial prestes a bater em um manifestante durante um protesto contra as medidas de austeridade na Grécia, ocorrido em junho| Foto: Aris Messinis/AFP

Catástrofes

O ano de 2012 é mais um para os profetas do fim do mundo

Foto: Nasa/AFP

Profecia maia alimenta especulações sobre o cataclismo

Quando o filme 2012 foi lançado em 2009, restavam ainda três anos para a humanidade se preparar. Mas, agora, aqui estamos nós: o ano apocalíptico chegou. Ainda bem que a profecia maia diz que o fim o mundo será apenas no dia 21 de dezembro. Quando estiver lendo este texto, restarão 353 dias pela frente.

De acordo com a previsão, do extinto povo que habitou a América Central, o dia do solstício de verão (no Hemisfério Sul) deste ano marcará o planeta Terra de tal maneira que jamais voltará a ser o mesmo. A profecia maia, unida às catástrofes que realmente ocorrem no mundo atual, alimenta a imaginação dos que querem agendar o apocalipse. Situações como o terremoto e o tsunami no Japão em março do ano passado e a constatação de especialistas em climas de que a temperatura do planeta vai se elevar entre 3,5ºC e 5ºC são fatos e não crendices.

Para quem ainda não conseguiu assistir ao filme que ajudou a difundir a lenda basta reunir na imaginação uma série de imagens catastróficas típicas de Hollywood: bolas de fogo vindas do céu, tsunamis que consomem cidades inteiras, preces em todo canto da terra, monumentos a despencar – não só os norte-americanos (é o fim do mundo, não apenas Independence Day, outro filme-desastre), sobra até para o Cristo Redentor do Rio de Janeiro, que desmorona.

Diante do fim o que resta à humanidade é reconhecer seus erros, pedir perdão aos entes queridos, sem mais tempo para promessas de ano-novo.

O intenso cenário internacional de 2011 – com crises econômicas e revoltas políticas – dá pistas de alguns dos principais temas que estarão em destaque neste novo ano. A agenda política também ajuda os especialistas em temas internacionais a fazerem algumas projeções para 2012.

Os presidentes Barack Oba­­ma, dos Estados Unidos, e Nicolas Sarkozy, da França, vão ter de convencer o eleitorado de que, mesmo com a crise econômica, fizeram bons governos e merecem ser eleitos para mais um mandato. Na América Latina, o pleito mais importante vai ser o da Venezuela, onde Hu­­go Chá­­vez também vai tentar a reeleição.

Mas a aposta é que o assunto que vai ter mais destaque é a crise econômica, até porque suas consequências atingem o contexto político. "É a questão mais explosiva. Todos os indicadores apontam para o agravamento da crise. A moeda europeia não resistirá", diz Williams Gonçalves professor de Relações Internacionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

Rui Dissenha, professor de Direito Internacional da Univer­­sidade Positivo, também aposta que a crise vai ser a tônica de toda discussão. "Outras questões, como a proteção dos direitos humanos e as regras de comércio, podem até ser colocadas de lado". Ainda que qualquer tipo de previsão seja incerta, Dis­­senha não considera exagero falar sobre um possível fim da União Europeia ou seu encolhimento. "A gente começou a perceber que a Europa já não dá sinais de absoluta união."

Diante de uma situação que se encaminha para o que Gonçalves define como "insignificância da Europa e declínio dos Estados Unidos", os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) devem se tornar cada vez mais atuantes no contexto econômico e nas decisões políticas. Mas o professor da UERJ descarta a Rússia, que para ele não terá uma grande ascensão por ainda não ter conseguido se inserir completamente no capitalismo. Em março deste ano o país também terá eleição presidencial. O favorito é o atual primeiro-ministro Vladimir Putin, que já foi presidente entre 2000 e 2008.

Primavera Árabe

Depois da surpresa da Primavera Árabe, que começou logo em janeiro do ano passado, conflitos ainda são vistos em países que derrubaram seus ditadores, como o Egito (Hosni Mubarak renunciou em fevereiro). "Os países do norte da África e do Oriente Médio estão passando por um processo de maturação política", explica Gonçalves. "Costumo comparar a realidade deles com o Brasil. Alcançamos independência em 1822 e só viemos gozar de estabilidade democrática na década de 1990."

O caso da Síria é especialmente delicado. Bashar Assad é apontado como o ditador mais resistente diante dos protestos dos opositores e da pressão internacional. Não há grandes perspectivas de que ele deixe o poder por iniciativa própria.

Destaques

União Europeia

Devido ao impacto econômico da crise, das medidas de austeridade e das tentativas para salvar o euro no ano passado, 2012 pode ser ainda pior. Os analistas não acreditam em recuperação rápida e alguns apostam que a tendência é piorar com resultados que podem implicar até no fim de uma moeda única para os países da UE.

França

Sarkozy pode ser mais um derrotado pela crise, depois que pelo menos sete chefes de Estado da Europa já renunciaram ou perderam as eleições por causa dos problemas econômicos. Em uma pesquisa realizada em dezembro, ele estava em segundo lugar, com 26% das intenções de voto. O favorito é o socialista François Hollande, que tem 31,5%.

Venezuela

Os partidos de oposição da Venezuela estão preparando uma pré-eleição, prevista para fevereiro, que deve definir um único nome para enfrentar Hugo Chávez em outubro. Mas, com um índice de aprovação acima de 50%, o presidente venezuelano tem o câncer como sua principal oposição. Para os especialistas, esse seria o único fato capaz de tirá-lo poder.

Estados Unidos

A crise não foi superada no governo de Barack Obama e o slogan Yes, we can ("Sim, nós podemos") se tornou uma grande decepção para muitos americanos. Mesmo assim, os planos de reeleição do presidente não estão frustrados. O Partido Republicano ainda não tem um nome forte para concorrer com os democratas, apesar de diversos pré-candidatos já terem aparecido entre os favoritos. Essa incerteza republicana pode tornar Obama o favorito nas eleições que vão ocorrer no dia 6 de novembro.

Mundo Árabe

Depois dos protestos que derrubaram governos da Tunísia, do Egito, da Líbia e do Iêmen, os processos de mudança devem ser mais lentos, com possibilidade de que ainda ocorram conflitos. Os especialistas destacam que paz e democratização não vêm de uma hora para outra.

Síria

A grande pergunta é por quanto tempo Bashar Assad vai conseguir se manter no poder. Apesar das sanções econômicas, a Síria ainda não passou por intervenção militar. Analistas dizem que a situação do país é mais complexa que a da Líbia devido à posição geográfica e por ter relações com o Hezbollah, por exemplo. Por isso, não apostam que a comunidade vá apelar para ações militares.

Japão

Foi um exemplo de recuperação depois do terremoto e do tsunami que o atingiram em março. Mas o país ainda enfrenta instabilidade política (o primeiro-ministro, Naoto Kan, renunciou em agosto) e econômica (a China o ultrapassou e ocupa o 2º lugar no ranking de mais ricos do mundo). Também permanecem as dúvidas sobre a continuidade das pesquisas nucleares após o acidente na usina de Fukushima.

Coreia do Norte

Após a morte do ditador Kim Jong-il o país está novamente em evidência. A postura do novo governo, especialmente nas questões ligadas a armamento nuclear, e uma tentativa de aproximação dos Estados Unidos podem fazer com que a Coreia do Norte comunista esteja em pauta com mais frequência. O tipo de governo do herdeiro do poder, Kim Jong-un, também desperta curiosidade pelo mundo.

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