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Cristina Kirchner arremessa flores na Bahia de Ushuaia, no sul do país, em ato que lembrou os 30 anos da guerra travada entre Argentina e Reino Unido pela posse das Ilhas Malvinas | Leo La Vall/Efe
Cristina Kirchner arremessa flores na Bahia de Ushuaia, no sul do país, em ato que lembrou os 30 anos da guerra travada entre Argentina e Reino Unido pela posse das Ilhas Malvinas| Foto: Leo La Vall/Efe

Influência

EUA combinaram sua "aparente neutralidade" com governo britânico

Em 31 de março de 1982, dois dias antes de a Argentina invadir as Malvinas, o então secretário de Estado dos EUA, Alexander Haig, propôs ao colega britânico Peter Carrington uma tática: para ampliar sua influência sobre Buenos Aires, Washington aparentaria neutralidade no conflito.

"Instruí meu embaixador em Buenos Aires a levar nossas preocupações ao chanceler argentino e a exortar seu governo a não tomar nenhuma medida que agrave a crise", escreveu Haig ao colega.

"Teremos mais chance de influenciar o comportamento argentino se aparentarmos, para eles, que não tomamos partido."

O telegrama, sigiloso, foi trazido a público pela primeira vez no domingo, véspera do 30º aniversário da invasão das Malvinas, pelo National Security Archive, em Washington.

Faz parte de uma coleção de 46 documentos obtidos via Lei da Liberdade de Informação que inclui ainda material detalhando a ajuda logística da CIA (agência de inteligência dos EUA) aos britânicos.

A Argentina, porém, não se deixou demover pelos americanos. A invasão foi levada a cabo em 2 de abril.

A presidente argentina, Cris­­tina Kirchner, comandou ontem um ato de comemoração dos 30 anos da Guerra das Mal­­vinas (Falklands para os britânicos), ocorrida entre 2 de abril e 14 de junho de 1982.

O evento foi em Ushuaia (Ter­­ra do Fogo, sul do país), con­­siderada pelos argentinos ca­­pital das Malvinas.

A mandatária reforçou que o país seguirá reivindicando as ilhas pela via diplomática e que a presença britânica ali é ilegítima. "É uma injustiça que, em pleno século 21, ainda existam enclaves coloniais como o que temos aqui, a poucos quilômetros de distância, e que a maioria deles pertença ao Reino Unido", disse.

Cristina fez questão, porém, de distanciar-se da ditadura militar (1976-1983), que ordenou o início da guerra. "O ataque não foi uma decisão do povo argentino."

Identificação

A presidente pediu à Cruz Vermelha que ajude a identificar os mortos ainda não reconhecidos. No cemitério de Darwin, nas ilhas, muitos estão enterrados com a mensagem: "Soldado argentino, conhecido apenas por Deus".

Na noite de ontem, veteranos do conflito fizeram uma vigília na Praça de Mayo, no centro da cidade. Ali acampa também, há quatro anos, um grupo de ex-combatentes que exige pensão, apesar de ter atuado apenas na base terrestre do Exército, sem ir às ilhas.

Nos jogos de futebol da ro­­dada, jogadores, árbitros e muitos torcedores usaram camisetas referentes à data.

No final da tarde, uma manifestação de um grupo de esquerda diante da embaixada britânica causou confusão. As pessoas queimaram bandeiras do Reino Unido e atiraram pedras e paus no edifício; foram dispersadas pela polícia com jatos de água. Um policial ficou ferido.

Britânicos

Em uma declaração emitida em Londres, o premiê bri­­tânico, David Cameron, afir­­mou que a Guerra das Mal­­vinas foi um "ato de agressão" e que a ditadura argentina tentou "roubar a liberdade dos habitantes das ilhas".

O primeiro-ministro refor­­çou que o país não vai negociar a soberania das ilhas e disse que será respeitado o di­­reito de autodeterminação dos "kelpers" (habitantes das Falklands).

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