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Ao longo das eras, o plano crocodiliano básico para dar conta de suas presas tem sido simples, porém eficaz: morder com força e não largar.

Esse plano funciona em gran­­de parte porque os animais evoluíram uma "estrutura para ge­­rar uma força de mordida realmente incrível", disse Greg Erick­­­­son, professor de biomecânica da Universidade Estadual da Fló­­rida. "E eles não mexeram nis­­so. Funcionou durante 85 mi­­­­lhões de anos e ainda funciona até ho­­je".

Mas permanecem perguntas sobre a evolução de diferentes dentes e focinhos, que os cientistas presumiam ter relação à força da mordida.

Não exatamente, relataram Erickson e colegas ao periódico PloS One. Numa interessante reviravolta evolutiva, parece que o formato do focinho, seus dentes e seu tamanho evoluíram por caminhos separados. E o único fator que afeta a força da mordida é o tamanho do animal.

"Isso foi uma surpresa enorme", disse Erickson. Quanto aos animais que têm mandíbulas es­­treitas e delicadas, como os ga­­viais da Índia, que se alimentam de peixes, segundo ele, "todo mundo presumia que eles ti­­nham uma força de mordida muito baixa".

Mark Norell, curador de paleontologia do Museu Americano de História Natural, afirma que "a força da mordida e o formato da mandíbula são completamente independentes".

Essa descoberta decorre de uma década de trabalho, na qual Erickson e seus colegas mediram a força da mordida de todas as 23 espécies vivas de crocodilianos e planejaram um método para calcular a força de mordida dos animais fósseis.

No topo da lista dos vivos estava o crocodilo de água salgada de 5 metros de comprimento, que tinha a mais alta força de mordida já registrada em qualquer animal, de cerca de 1.600 kg. Esse va­­lor é mais de sete vezes o do lo­­bo, que é capaz de quebrar o fêmur de um uapiti, uma espécie de cervo (um crocodilo de água salgada típico tem uma força de mordida de 900 kg).

Os crocodilianos conseguiram uma posição de destaque dentre todos os gigantes que já andaram ou rastejaram sobre a terra. Os Dei­nosuchus, que cresciam até 12 metros, tinham uma força de mordida de 10.500 kg, quase o do­­bro do Tiranossauro Rex, de acordo com os cálculos do grupo.

A força da mordida não é das mais fáceis de se medir. Os ma­­míferos, por exemplo, não mordem com força total caso possam ferir os dentes. Os crocodilianos, por outro lado, são como tubarões, substituindo o tempo todo seus dentes perdidos. Eles mordem previsivelmente com força máxima, o que faz com sejam ideais para testes, além de um pouco assustadores.

Erickson trabalhou com colaboradores do mundo inteiro, mas fez a maior parte dos testes no Jardim Zoológico da Fazenda de Jacarés de St. Augustine na Fló­­rida, que tem todas as 23 es­­pécies de crocodilianos atualmente vivas.

Essa foi a primeira vez que ele testou o aparelho de me­­dida que projetou e construiu, um mecanismo sensor de pressão localizado en­­tre duas placas de metal acolchoadas com couro bovino. Na primeira vez, ele não sabia o que iria acontecer.

"Foi um VUM! Como uma bala dum revólver", ele disse. "Foi uma das coisas mais emocionantes que eu já fiz na vida".

Ele também descobriu um problema dos crocodilianos. Eles não gostam de soltar, segurando geralmente o aparelho por uns 20 minutos, mais ou menos.

"Eu acho que eles acham que me pegaram", ele disse.

Tradução de Adriano Scandolara.

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