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Uma das poucas reparadoras de óculos privadas em Havana: embargo dos Estados Unidos impede importações de novos equipamentos | Desmond Boylan/Reuters
Uma das poucas reparadoras de óculos privadas em Havana: embargo dos Estados Unidos impede importações de novos equipamentos| Foto: Desmond Boylan/Reuters

Havana - O ministro de Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodriguez, disse ontem que o presidente dos Es­­tados Unidos, Barack Obama, perde uma oportunidade de ouro para melhorar as relações entre os dois países. Ele lamentou que quase dois anos depois de Obama ter oferecido uma oportunidade de paz ao tradicional adversário, o líder norte-americano não "cumpriu com as expectativas".

Em seu discurso anual sobre o custo dos 48 anos de embargo, Rodriguez disse que Obama na verdade fortaleceu a aplicação do embargo desde que recebeu o cargo do presidente George W. Bush, que aplicou as mais extremas políticas em relação à ilha. "A política do bloqueio sob o governo do presidente Obama... não sofreu qualquer alteração e pode-se dizer que, em vários aspectos, a aplicação do bloqueio...se tornou ainda mais rígida", disse Ro­­driguez.

Ele apontou vários casos nos quais os Estados Unidos puniram empresas internacionais por fazerem negócios com Cuba nos últimos meses e afirmou que mesmo suprimentos médicos – que em tese não são atingidos pelo embargo – geralmente não chegam ao país em razão do excesso de restrições.

As sanções econômicas contra a ilha foram impostas em 1961, pouco depois de Washington ter encerrado relações diplomáticas com Cuba em resposta à decisão de Fidel Castro de expropriar propriedades norte-americanas e implementar políticas socialistas. O embargo recebeu sua forma atual em fevereiro de 1962 e tem se mantido por dez governos norte-americanos.

Rodriguez disse que a política custou a Cuba cerca de US$ 751 bilhões (cerca de R$ 1,3 trilhão) desde seu início, levando-se em conta a inflação e outros fatores. Autoridades norte-americanas afirmam que os líderes da ilha usam o embargo como desculpa para um modelo comunista fracassado que nunca vai se manter por si só e que é infestado pela corrupção e ineficiência.

As declarações de Rodriguez são parte de um ritual anual no qual Cuba critica a política norte-americana antes da votação anual na Organização das Nações Unidas, em que o mundo inteiro condena o embargo.

No ano passado, 187 países rejeitaram a política e apenas 3 países declararam-se favoráveis. Apenas Israel e a pequena ilha de Palau, no Pacífico, se alinharam a Washington. Rodriguez lembrou que em abril de 2009, Obama disse que buscaria "um novo começo" em relação a Havana e o acusou de não ter cumprido sua promessa. "Ele foi eleito para mudar as coisas", disse o ministro.

Alívio

Quando assumiu, Obama aliviou as restrições para viagens e ao envio de dinheiro por cubano-americanos e facilitou a retirada de vistos por artistas cubanos que querem ir aos Estados Unidos.

Derrubar o embargo dependeria do Congresso, mas o principal diplomata cubano argumentou que há muitas coisas que Obama poderia fazer para alterar as re­­gras adotadas no governo de Bush, que dificultaram a viagem de estudantes, educadores e pesquisadores à ilha.

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