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Raúl Castro discursa na abertura do congresso, em Havana | Adalberto Roque/AFP
Raúl Castro discursa na abertura do congresso, em Havana| Foto: Adalberto Roque/AFP

A liderança máxima comunista de Cuba debateu ontem o futuro modelo econômico e político delineado por Raúl Castro: um regime rejuvenescido com limite de mandatos, sempre de partido único, e uma gradual reforma econômica sem capitalismo. Os mil delegados do 6.º Congresso do Partido Comunista (PCC) iniciaram a portas fechadas a discussão do informe apresentado pelo presidente no sábado, no início do Congresso, marcado por medidas que se afastam do modelo econômico ultracentralizado soviético e se aproximam de um mais moderno, como o chinês. Modificando o estilo e a estrutura política do socialismo em Cuba, Raúl Castro – a quem seu irmão Fidel Castro cedeu o poder em 2006 após 48 anos no poder – propôs limitar a dois períodos consecutivos de cinco anos o mandato dos cargos do poder.

Os delegados analisarão também mais de 300 medidas econômicas, urgentes, segundo Raúl, "para garantir a irreversibilidade do socialismo": abertura ao setor privado, corte de empregos, descentralização da agricultura, eliminação de subsídios, autonomia empresarial.

Enérgico, o presidente cubano pediu a erradicação do "dogma", dos "slogans vazios", do "favorecimento", da "mentalidade de inércia" vigentes em meio século de socialismo, nos âmbitos político e econômico. Raúl Castro, que em junho completa 80 anos, criticou o "erro" e a "falta de rigor e visão" na seleção de líderes, já que prevaleceu a militância comunista em vez da capacidade.

"Hoje enfrentamos as consequências de não contar com uma reserva de substitutos devidamente preparados", admitiu, advertindo que nos próximos cinco anos deverá ocorrer o "rejuvenescimento de todos os cargos", sem excluir o "atual presidente" ou "o primeiro secretário" do PCC que seja eleito no Congresso.

O analista cubano Arturo López-Levy estimou que "o limite de mandatos é um passo histórico em direção às reformas institucionais e coletivas de liderança. O modelo ‘Fidel no leme’ é substituído. Há uma crítica ao voluntarismo e à improvisação". O Congresso, em sessão até amanhã, elegerá uma nova cúpula do PCC, até agora encabeçada por Fidel, de 84 anos, como primeiro-secretário, e por Raúl, como segundo, desde que o partido foi criado, em 1965.

Fidel

Fidel Castro, que reiterou ontem ser um "soldado das ideias", deixará oficialmente a maior liderança do PCC. Sua "liderança indiscutível" não depende "de cargo algum", disse Raúl no sábado. Economi­camente, o modelo "excessivamente centralizado" caminhará para "um sistema descentralizado", onde prevalecerá o planejamento do Estado socialista, mas Raúl promete "não ignorar as tendências presentes no mercado".

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