• Carregando...
Que o acordo leve mais turistas ao país e melhore a alimentação: desejos do povo cubano | Alejandro Ernesto/Efe
Que o acordo leve mais turistas ao país e melhore a alimentação: desejos do povo cubano| Foto: Alejandro Ernesto/Efe

Limites

Negociação de fronteiras marítimas deve levar anos

Reuters

Conversas conjuntas entre os EUA, Cuba e México para tratar das fronteiras marítimas dos três países no Golfo do México devem ser complexas e se arrastar para além de 2018, disse ontem um alto representante mexicano.

Negociações em fronteiras marítimas podem ter implicações para o desenvolvimento de projetos de óleo e gás em águas profundas no Golfo do México, o qual, por décadas, tem sido dominado pelos EUA.

Sergio Alcocer, vice-ministro do Exterior do México responsável pela América do Norte, disse que o processo de avaliar o valor e a distribuição de recursos na região era complexa e deve durar diversos anos. "Nossos três países são donos do Golfo do México, e a chave é alcançar um acordo para estabelecer as regras sob as quais podemos explorar estes recursos de uma maneira sustentável", disse Alcocer.

EUA e Cuba delimitaram o espaço marítimo entre os dois países em 200 milhas náuticas da costa, e o México tem seus próprios acordos bilaterais com ambos. Mas os três países ainda precisam decidir sobre uma área no Golfo onde as fronteiras não foram fixadas.

Os cubanos aplaudiram o surpreendente anúncio feito na quarta-feira de que a ilha vai retomar as relações com os Estados Unidos, na esperança de que em breve os dois países mantenham relações comerciais, embora o embargo de 53 anos ainda não tenha sido levantado.

"Isso representa a perspectiva de um futuro melhor para nós", disse Milagros Diaz, de 34 anos. "A situação tem sido ruim e as pessoas estão desencorajadas."

Os sinos tocaram em celebração ao anúncio e professores interromperam as aulas aos meio-dia, enquanto o presidente Raúl Castro declarava ao país que Cuba vai renovar suas relações com Washington após mais de meio século de hostilidades.

"Para o povo cubano, acho que é como uma injeção de oxigênio, um desejo que se torna realidade porque, com isso, superamos nossas diferenças", declarou Carlos Gonzalez, especialista em tecnologia da informação, de 32 anos. "É um avanço que vai abrir o caminho para um futuro melhor para os dois países."

Em seu discurso, Raúl Castro pediu a Washington que encerre o embargo comercial que, segundo ele, "provocou enormes danos humanos e econômicos".

Ramon Roman, de 62 anos, disse esperar que Cuba receba mais turistas. "Seria uma enorme injeção econômica, tanto em termos de dinheiro quanto de novas energias e seria um estímulo para as pessoas que precisam disso", afirmou.

Victoria Serrano, que trabalha num laboratório, diz esperar um grande fluxo de bens, porque a vida em Cuba tem sido "realmente muito difícil". "Em particular", disse ela, "eu espero ver uma melhora na alimentação, que haja comércio com os EUA. Atualmente, até mesmo uma cebola se tornou um luxo."

Guillermo Delgado, aposentado de 72 anos, saudou o anúncio como "uma vitória para Cuba, porque foi conquistado sem a concessão de princípios básicos".

Para Yoani Sánchez, conhecida blogueira cubana que faz críticas ao governo, o anúncio teve um preço. Raúl Castro, disse ela, pode agora reivindicar o êxito da negociação, além de ter usado o norte-americano Alan Gross, que estava preso em Cuba, como "moeda de troca" para a libertação de três cubanos detidos como espiões nos Estados Unidos. "Desta forma, o regime de Castro conseguiu fazer as coisas do seu jeito", escreveu ela em seu blog.

Do contra

Alguns dissidentes expressaram frustração por não terem sido consultados pelos EUA a respeito da medida. Outros não acreditam que algo vá mudar. "Vamos ver se não é como tudo por aqui: um passo adiante e três para trás.", disse Pedro Dutra, de 28 anos.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]