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Cochabamba – Débil em substância, o encontro de hoje dos presidentes da Comunidade Sul-Americana de Nações (Casa), em Cochabamba, na Bolívia, exporá ao mundo os graves dilemas políticos das democracias da região. A segunda reunião de cúpula desse bloco embrionário deverá transformar-se em um palanque para os líderes da esquerda nacionalista eleitos e reeleitos em 2006 se oporem à ordem internacional. Inevitavelmente, acabará contaminada também pela grave crise política de seu anfitrião, Evo Morales, presidente da Bolívia.

Hoje a oposição a Evo pretende radicalizar e denunciar aos presidentes sul-americanos a "vocação antidemocrática e beligerante" do governo boliviano que, em sua versão, violou a Carta Democrática da Organização dos Estados Americanos (OEA).

No entanto, em vez de apoio, deverão receber censuras da trinca aliada a Evo – os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, Hugo Chávez, da Venezuela, e o recém-eleito Rafael Correa, do Equador.

A denúncia da oposição será feita por meio de um documento assinado pelos governadores de Santa Cruz, de Tarija, de Beni e de Pando e por outros líderes.

"A pretensão (do governo Evo) de instalar bases militares em lugares sensíveis do leste da Bolívia, as ameaças nos discursos do próprio vice-presidente, Álvaro García Linera, de empunhar armas, a incitação para seu uso contra o povo que não compartilha a ideologia do governo e o empenho em ditar uma Constituição totalitária são claros exemplos da vocação antidemocrática", afirma o comunicado.

O ponto-chave do conflito boliviano está na decisão do governo Evo de ordenar que as decisões da Assembléia Constituinte, convocada pelo seu governo, sejam tomadas por maioria simples de votos – 50% mais um voto. A oposição insiste que a regulamentação da Assembléia prevê a aprovação por maioria de 2/3 dos votos.

O impasse levou líderes da oposição, entre os quais 15 senadores a mobilizarem-se em uma greve de fome, que se arrasta há três semanas. Também disparou a violência entre militantes governistas e oposicionistas. A expectativa é que na próxima segunda-feira a Assembléia Constituinte opte, definitivamente, pelo seu processo de decisão interna.

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