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A reunião de cúpula de presidentes dos países da América Latina e do Caribe terminou na tarde de sábado (3), em Caracas, com a criação da Celac, novo órgão político das Américas, que reunirá 33 países da região, todos menos Estados Unidos e Canadá.

"Aprovada a Declaração de Caracas", celebrou o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, anfitrião do encontro e um dos principais defensores dessa iniciativa regional.

A reunião foi encerrada com a aprovação da Declaração de Caracas, do Plano de Ação 2012, de um estatuto de procedimentos e de uma declaração especial sobre a "defesa da democracia e a ordem constitucional", para ser usada em caso de ruptura democrática em um dos países da região.

No encontro, que começou no sábado (3), ficou estabelecido que o consenso será o mecanismo para a aprovação de decisões, embora isso ainda vá ser revisado para a próxima reunião do bloco, em 2012, no Chile, país que assumiu neste sábado a presidência temporária do bloco.

"Esperamos que esta seja uma comunidade que não apenas siga progredindo, mas também se unindo. Todos sabem que temos uma dívida pendente, e que devemos recuperar o tempo perdido. Em matéria de integração, temos falado muito, mas não conseguido o suficiente", assinalou o presidente do Chile, Sebastián Piñera, que lidera a Celac, ao lado de Chávez e de seu colega cubano, Raúl Castro.

Antes da reunião, declarações de Chávez e outros presidentes, como o equatoriano Rafael Correa, sugeriram que a iniciativa deveria nascer para enfrentar outros órgãos multilaterais, como a Organização dos Estados Americanos (OEA), um tema que dominou os debates de ontem.

"Venceu o critério majoritário dos líderes mais democráticos da região, com Brasil e Chile na cabeça", comentou a especialista María Teresa Romero, da Universidade Central da Venezuela. " A Celac terá uma estrutura flexível, de união política, como foi concebida em 2010, para refundar e ampliar o Grupo do Rio. Não será um bloco rígido, com institucionalidade, nem um organismo de integração alternativa, nem contrária aos Estados Unidos ou ao Canadá."

Chile, Venezuela e Cuba, que sediará a reunião em 2013, formam o trio que continuará trabalhando nos fundamentos da Celac, que, no momento, perfila-se apenas como um bloco político que promoverá a integração e a cooperação regional. A esse trio poderão se somar representantes de outros países, para apoiar o trabalho político, uma proposta da primeira-ministra de Trinidad e Tobago, Kamla Persad Bissessar, que ainda deverá ser revisada, bem como a criação de uma secretaria executiva.

Sebastián Piñera, que comanda no Chile um governo de economia liberal, diferente dos governos venezuelano e cubano, afirmou que a união é o melhor caminho para que a América Latina aproveite a oportunidade que surgiu, em um contexto internacional de crise econômica.

"Temos uma tremenda oportunidade de conseguir aquilo que nossos pais, avós e aqueles que nos antecederam não conseguiram", assinalou o presidente chileno, referindo-se à superação da pobreza e ao fomento da inovação, em uma região que crescerá este ano 4,4%, segundo a Cepal.

Ao final da reunião de cúpula, foram aprovadas dezenas de acordos, sobre temas tão diversos quanto a reclamada soberania argentina das Malvinas, o embargo americano a Cuba, o desenvolvimento do Haiti e o apoio ao cultivo e uso tradicional da folha de coca. Paralelamente ao encontro, foram realizadas reuniões bilaterais entre os chefes de Estado.

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