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Muitos curdos informados na terça-feira de que Saddam Hussein poderá ser julgado em breve por genocídio contra sua comunidade deram de ombros.

- Estou feliz por Saddam ser julgado por tudo o que fez - disse Sahar Ibrahim, 39 anos, em Bagdá. - Mas realmente não interessa. Nao há segurança no país agora. Está muito pior do que antes. Pelo menos, sabíamos qual era o perigo.

O tribunal que julga membros do antigo regime iraquiano disse que o ex-ditador deve ser formalmente acusado de genocídio contra os curdos, ocorrido no final da década de 1980. Esse processo pode começar já na próxima semana.

Saddam deve ser acusado de ordenar a campanha de Anfal, na qual, segundo os curdos, mais de 100 mil pessoas morreram e milhares de casas foram destruídas por bombardeios aéreos e ataques por terra.

Os curdos consideram Saddam um ditador brutal, mas o Iraque atual tem outros problemas. Centenas de manifestantes curdos destruíram em março um museu de Halabja que homenageia as vítimas de um massacre ocorrido em 1988 na cidade. Eles reivindicavam melhores servios públicos.

Embora os curdos tenham relativa estabilidade em sua região semi-autônoma ao norte do Iraque, eles temem o eventual envolvimento na violência sectária, hoje restrita a xiitas e sunitas, num possível prelúdio de uma guerra civil.

Quatro meses depois das eleições parlamentares, os líderes iraquianos, inclusive o presidente Jalal Talabani, que é curdo, ainda não conseguiram formar um governo de união nacional.

- Era uma vez um Saddam Hussein, agora temos muitos, muitos - disse o engenheiro Shawan Abdul Wahab, 33 anos. - Saddam Hussein não deveria ser executado, porque era melhor do que os nossos atuais políticos.

Saddam pode ser condenado à morte pelas acusações de genocídio. Ele atualmente está sendo julgado pela morte de 148 homens e meninos xiitas na aldeia de Dujail, onde ele sofrera um atentado em 1982. Alguns acham que a condenação de Saddam significará o começo de um novo Iraque, mais igualitário, o que não ocorria nas três décadas de ditadura.

- Saddam Hussein deveria ser colocado em uma gaiola de vidro e ficar lá, para que visse o novo Iraque, a nova democracia, até que ele morresse de desespero - disse o professor Ali Abdullah, 44 anos, na cidade de Kirkuk (norte).

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