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O opositor venezuelano Leopoldo López, acusado de incitar a violência, convocou a partir da prisão uma mobilização geral contra o governo de Nicolás Maduro, em uma carta publicada hoje pelo jornal espanhol "El País".

"Sair desta crise que afundou a Venezuela na penumbra depende de todos; de que cada um, onde nos cabe, demonstre que está disposto a lutar", afirmou López, de 42 anos, em uma carta enviada a partir da prisão militar de Ramo Verde.

López, economista formado em Harvard e presidente da Vontade Popular, ala radical da opositora coalizão Mesa da Unidade Democrática, convocou seus seguidores a "demonstrar quantos somos os que desejamos uma mudança" para contagiar "todos os que estão descontentes".

"A escassez, a inflação, a crise de saúde, a insegurança, a falta de liberdade e respeito aos direitos humanos limitando a liberdade de expressão, afetam a todos nós por igual", afirmou.

O líder radical, que no dia 18 de fevereiro se entregou voluntariamente à justiça venezuelana, foi acusado na sexta-feira pela promotoria de "instigação pública, danos à propriedade, incêndio em grau de determinador (autor intelectual) e formação de quadrilha".

No mesmo dia, 3.000 opositores exigiram em Caracas sua libertação, marcando dois meses de protestos que deixaram 39 mortos e mais de 600 feridos. Cerca de 200 pessoas também estão sob processo judicial, entre elas López e dois prefeitos.

Outra líder radical opositora, María Corina Machado, foi destituída como deputada pela Assembleia Nacional e pelo Supremo Tribunal de Justiça.

Afirmando sua "certeza de ter feito o correto", López garantiu não se arrepender de ter lançado uma "faísca que acendeu nos venezuelanos este desejo tão latente de conquistar uma mudança social e política"."O fato de minha prisão estar contribuindo em alguma medida para o despertar os venezuelanos vale a pena", ressaltou.

Assassinatos

As autoridades venezuelanas informaram ontem o assassinato de de Luis Daniel Gómez e Gustavo Giménez, ambos ligados a Leopoldo Lopes, que foram baleados no sábado, quando praticavam ciclismo em El Ávila, uma região muito frequentada por praticantes de esportes nos finais de semana.

Giménez era irmão de Mariana Giménez, ex-esposa de Carlos Ocariz, prefeito de Sucre do mesmo partido de López. Já Gómez era amigo de infância de López.

"É lamentável a perda de Luis Daniel Gómez e de Gustavo Giménez, o que comove toda a Venezuela. Nossos mais sentidos pêsames a seus familiares e amigos", escreveu no Twitter o prefeito de Caracas, o opositor Antonio Ledezma.

A Vontade Popular, partido liderado por López, exigiu "uma investigação exaustiva do assassinato" de Gómez.

"Sinto uma dor imensa na alma. Gustavo era dos bons! Até quando vai esta guerra (...). Chega de violência, por Deus!" - escreveu Ocariz no Twitter.

Um dos catalisadores da onda de protestos que sacode a Venezuela é exatamente a crescente violência criminal que afeta o país.

Em 2013, a Venezuela registrou uma taxa de 79 homicídios por cada 100 mil habitantes, segundo a ONG Observatório Venezuelano da Violência, o que torna o país um dos mais violentos do mundo.

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