• Carregando...

Entenda o caso

1996 – No dia 14 de junho o ex-general Lino Oviedo é preso. Ele foi acusado de incentivar um golpe de estado contra o ex-presidente Juan Carlos Wasmosy, do Partido Colorado.

1997 - Oviedo é condenado a dez anos de prisão por um Tribunal Militar Extraordinário.

1998 – Raúl Cubas é eleito presidente pelo Partido Colorado. Preso, o ex-general não pôde participar da disputa. Ao assumir a presidência, Cubas determina a libertação de Oviedo por meio de um indulto.

1999 - No dia 29 de março, o vice-presidente Luis María Arganã é assassinado. Acusado de ser mentor do crime, Oviedo deixa o país e foge para a Argentina.

2000 - Depois de viver clandestinamente no Brasil por um período, Oviedo é preso em Foz do Iguaçu no dia 11 de junho. Fica preso 18 meses no Brasil.

2001 – Em dezembro é colocado em liberdade por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF) do Brasil. 2004 – Lino Oviedo resolve deixar o Brasil e voltar ao Paraguai no dia 29 de junho, onde é imediatamente preso ao desembarcar em Assunção.

Assunção – A disputa presidencial para o pleito de 2008 no Paraguai mal começou, mas para o ex-general Lino César Oviedo, 63 anos, a eleição parece ser amanhã. Do cárcere militar de Viñas Cué, Assunção, onde está preso há quase três anos, ele trava uma batalha hercúlea para ser libertado e tornar-se oficialmente candidato do seu partido, a União dos Cidadãos Éticos (Unace).

Alegando estar preso injustamente e de ter tido os direitos violados, Oviedo acompanha da prisão cada passo dado no lado de fora. Juntamente com correligionários e políticos da Unace, ele aguarda da Suprema Corte de Justiça do país um pedido de revisão do processo que o condenou há dez anos de reclusão por ter incentivado um golpe de estado contra o ex-presidente Juan Carlos Wasmosy, no dia 22 de abril de 1996. É justamente essa condenação que hoje o impede de ser candidato.

Os defensores de Oviedo esperam que a Justiça do país reconheça o período no qual ele esteve preso no Brasil para colocá-lo em liberdade. Segundo o advogado e representante legal da Unace, Max Matto Narvaez, o tempo de detenção do ex-general no Brasil somado ao período de cárcere no Paraguai já perfazem o total de 50% do tempo necessário para ele ser colocado em liberdade. "Se eles reconhecem isso, têm que soltá-lo", diz. Além de alegarem perseguição política, os oviedistas sustentam que a oposição está fazendo pressão política em razão das chances do ex-general em vencer as eleições.

O atual presidente do Congresso e da Unace, Enrique Gonzáles Quintana, aponta uma série de fatos que levam a crer que a condenação de Oviedo é injusta. Ele cita, por exemplo, a irregularidade na instalação do Tribunal Extraordinário, que só pode ser formado em períodos de guerra, e o fato de Oviedo ter sido julgado duas vezes por uma mesma causa. "Há evidências de que se instalou o tribunal para perseguir Oviedo", diz.

Hoje, González é presidente da Unace. A agremiação tem 317 mil filiados e é considerada uma séria candidata a quebrar a hegemonia dos colorados, que se revezam há 60 anos no poder.

Apesar de rumores que correm nos bastidores políticos do país, Quintana e o próprio Oviedo negam qualquer tentativa de se fazer um acordo com o Partido Colorado que influencie na revisão da pena, em troca do apoio dos oviedistas para que o atual presidente Nicanor Duarte Frutos consiga mudar a Constituição e concorrer à reeleição.

Campanha nas ruas

O ex-general tem a seu favor uma legião de simpatizantes e filiados à Unace. Eles dão vida à engrenagem política que já está funcionando nas ruas. Um dos aparatos é Lino Roga (Casa do Lino), um escritório pertencente ao chamado Grupo de Ação Ética, onde estão sendo oferecidas gratuitamente 66 bolsas de estudos para cursos de computação e duas bolsas para cursos universitários. Para concorrer às vagas, os interessados devem ser filiados à Unace. Por coincidência ou não, a Caso do Lino está situada em frente à Colorado Roga (Casa do Partido Colorado), em pleno centro de Assunção.

A disputa entre colorados e oviedistas é assunto nas ruas. A professora Estela Gonzáles, 50 anos, diz que não é simpatizante de Lino Oviedo, mas acredita que a prisão dele seja injusta e fundamentada em motivos políticos. Declarando-se pertencer ao Partido Colorado, ela se diz insatisfeita com os políticos do país e diz não haver candidatos que satisfaçam os eleitores.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]