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Sting: sem dom para as rimas | Arquivo Gazeta do Povo
Sting: sem dom para as rimas| Foto: Arquivo Gazeta do Povo

Bush recebe Dalai Lama e irrita China

O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, recebeu na terça-feira o Dalai Lama na Casa Branca, apesar de a China ter alertado que a honraria ao líder espiritual tibetano poderia afetar as relações entre os dois governos.

A visita ocorreu na véspera de o Dalai Lama receber a Medalha de Ouro do Congresso dos EUA, mas o governo tratou o encontro com discrição, aparentemente para não irritar ainda mais a China.

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Apesar dos incessantes protestos da China, o líder espiritual tibetano Dalai Lama recebeu, nesta quarta-feira, das mãos do presidente americano George W. Bush, a Medalha de Ouro do Congresso dos Estados Unidos, a maior honraria civil do país. Foi a primeira vez que um presidente dos EUA apareceu em público ao lado do líder budista e vencedor do prêmio Nobel da Paz, que o governo de Pequim qualifica como separatista e traidor. A cerimônia no Capitólio também contou com as participações da da primeira-dama Laura Bush e da presidente do Congresso, Nancy Pelosi, entre outros.

- Eu tenho frequentemente dito aos chineses que a liberdade religiosa é do interesse de sua nação. Eu também disse a eles que eu acho que é do interesse deles se encontrar com o Dalai Lama - disse Bush antes da cerimônia histórica. - Ele é um homem de paz e reconciliação.

O Dalai Lama vive na Índia desde a frustrada rebelião tibetana de 1959 contra o domínio chinês. No exílio, o líder espiritual fez da luta pela autonomia de seu país sua principal bandeira. Seus incansáveis esforços - sempre pacíficos - em prol da defesa dos direitos humanos na região e no mundo acabaram lhe rendendo um prêmio Nobel da Paz, em 1989. O governo de Pequim, no entanto, não vê com simpatia as suas idéias e o acusa de advogar pela independência do Tibete. A imprensa estatal chinesa já chegou a acusá-lo de apoiar o que chama de "cultos maléficos", que incluem a seita Falun Gong, o culto japonês Aum Shinrikyo e o Culto ao Templo Solar, nos EUA.

- Estamos furiosos. Se o Dalai Lama pode receber tal prêmio, então não deve haver mais justiça e pessoas boas no mundo - disse o chefe do Partido Comunista da China no Tibete, Zhang Qingli, na terça-feira.

Já o porta-voz do Ministério do Exterior da China, Liu Jianchao, disse que o prêmio teria um "impacto extremamente sério" nas relações entre os países.

- A China está profundamente incomodada (...) e já deixou isso claro numa mensagem solene ao governo de Washington - afirmou na terça-feira. - Nós solicitamos seriamente aos EUA que cessem qualquer ingerência nos assuntos internos da China.

Segundo Jianchao, "as palavras do Lama nos últimos anos mostram que ele é um refugiado político engajado em atividades separatistas em nome da religião".

Para evitar maiores polêmicas, na terça-feira, o presidente George W. Bush recebeu o líder espiritual tibetano na ala residencial da Casa Branca - e não no Salão Oval, onde normalmente encontra líderes mundiais. O encontro, que durou cerca de 30 minutos, não foi registrado oficialmente.

Segundo Tony Fratto, porta-voz da Casa Branca, Bush "deixou claro aos chineses que o Dalai Lama estava na cidade para a cerimônia parlamentar e que eles iriam se encontrar informalmente".

- De forma alguma queremos jogar lenha na fogueira e fazer a China sentir que estamos cutucando seu olho, um país com o qual temos boas relações em vários temas - disse Dana Perino, outra porta-voz da Casa Branca.

Como uma primeira reação, Pequim está disposta a dificultar as negociações sobre o programa nuclear iraniano no âmbito da ONU. Esta semana, a China deixou de comparecer a uma reunião com outras potências sobre o assunto no Conselho de Segurança. Semanas atrás, Pequim cancelou uma reunião anual sobre direitos humanos com a Alemanha, depois que a chanceler federal Angela Merkel se reuniu, em setembro, com o Dalai Lama.

De acordo com o governo americano, o presidente da China, Hu Jintao, foi avisado pessoalmente de que Bush compareceria à entrega da medalha ao Dalai Lama há dois meses, durante uma reunião na Ásia.

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