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Em visita a Taiwan, o dalai-lama disse que o país deve ter "ligações próximas e únicas" com a China continental, mas deve também buscar a democracia. O líder espiritual chegou hoje a uma vila de Taiwan para rezar para as vítimas do tufão Morakot, o pior que atingiu o país em 50 anos. Pequim demonstrou sua oposição à visita do dalai-lama, dizendo que o ato pode prejudicar as relações entre o país e Taiwan, separados há seis décadas.

Apesar da exigência chinesa, os dois países registraram grande melhora em suas relações após décadas de inimizade. O presidente taiwanês Ma Ying-jeou estreitou as relações comerciais e culturais entre os dois partidos, o que se tornou a marca de seu governo de 15 meses. O líder espiritual tibetano afirmou que a visita tem propósitos humanitários e que não havia agenda política, embora em suas declarações ele tenha encorajado Taiwan a preservar sua democracia.

Ajoelhando-se no chão do que outrora foi a vila agrícola de Shiao Lin, dalai-lama fez orações para os cerca de 500 moradores da vila que morreram nos deslizamentos de terra provocados pelo Tufão Morakot no início deste mês. A vila foi reduzida a um amontoado de lama e pedras. No total, cerca de 670 pessoas morreram por causa do tufão.

Por volta de 50 ex-moradores de Shiao Lin voltaram ao local para recepcioná-lo, muitos usando camisetas com fotografias da vila antes dos deslizamentos de terra. O dalai-lama também fez breves declarações sobre a tragédia e sobre o convite para sua viagem. Ele disse que tem a responsabilidade moral de visitar as vítimas e que não estava desapontado com a recusa do presidente em recebê-lo. "Esta é uma visita humanitária", disse ele. "Da minha parte, não há agenda política". "De qualquer forma, Taiwan deveria ter ligações próximas e únicas com a China continental, mas ao mesmo tempo também deve buscar a democracia e a prosperidade", acrescentou.

Críticas

A China faz duras críticas ao dalai-lama por aquilo que afirmam ser sua luta pela independência do Tibete, sob domínio do governo comunista chinês há décadas. Mas, em vez de criticar Ma Ying-jeou pela visita, o porta-voz do Escritório de Assuntos Taiwaneses criticou o partido opositor, o Progressivo Democrático, por seus "motivos velados para instigar o dalai-lama, que já há muito tempo está engajado em atividades separatistas, a visitar Taiwan". A oposição convidou o líder espiritual para confortar as vítimas do tufão.

Mas nem todos em Taiwan receberam bem o líder espiritual. Na manhã de hoje, cerca de 20 manifestantes se reuniram do lado de fora do hotel onde ele está hospedado, dizendo que o objetivo da visita não era levar conforto às vítimas do desastre em Taiwan. "Eu adoro isso", disse o dalai-lama. "É uma indicação da liberdade de expressão. É maravilhoso".

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