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Jeffrey Epstein e sua namorada, Ghislaine Maxwell, em foto de arquivo de 2020 durante a apresentação da promotoria dos EUA à imprensa na qual foram feitas as acusações de envolvimento dela nos casos de abuso sexual
Jeffrey Epstein e sua namorada, Ghislaine Maxwell, em foto de arquivo de 2020 durante a apresentação da promotoria dos EUA à imprensa na qual foram feitas as acusações de envolvimento dela nos casos de abuso sexual| Foto: EFE

Um primeiro lote de documentos judiciais relacionados ao falecido financista Jeffrey Epstein, acusado de abuso sexual e tráfico de crianças, que até agora era confidencial, foi divulgado pela Justiça dos Estados Unidos, nesta quarta-feira (3).

As mais de mil páginas que vieram a público fazem parte de um processo por difamação de 2015, movido por Virginia Giuffre, uma das principais denunciantes de Epstein, contra a ex-amante e parceira de negócios do acusado, a herdeira britânica Ghislaine Maxwell, condenada a 20 anos de prisão por ajudar o bilionário a abusar sexualmente de menores de idade.

As informações abertas pela justiça americana atraíram a atenção pública na expectativa de que citassem o envolvimento de personalidades ligadas ao financista, no entanto, não há nenhuma lista nova com o nome de pessoas públicas relacionadas aos crimes pelos quais Epstein é investigado. Grande parte dos documentos também não inclui episódios específicos de irregularidades cometidas por outros homens além do financista, encontrado morto dentro de uma cela na prisão de Manhattan, em agosto de 2019, enquanto aguardava julgamento por acusações de tráfico sexual.

De acordo com a imprensa americana, os documentos apresentados no Tribunal Distrital Federal de Manhattan parecem apenas acrescentar mais contexto às relações que Epstein manteve ao longo dos anos com homens poderosos, como os ex-presidentes dos EUA Bill Clinton e Donald Trump e um membro da realeza britânica, o príncipe Andrew, filho da falecida rainha Elisabeth II.

Um depoimento feito em maio de 2016 por Johanna Sjoberg, uma das supostas vítimas de Epstein, que disse ter estado perto dele no período de 2001 a 2006, expõe que ela foi questionada pela justiça se o bilionário alguma vez conversou com ela sobre o ex-presidente Bill Clinton. "Ele disse uma vez que Clinton gosta de jovens, referindo-se às meninas”, testemunhou Sjoberg.

Um porta-voz do ex-presidente democrata respondeu à divulgação dos documentos, afirmando na noite de quarta-feira (3) que Clinton nunca foi acusado formalmente de qualquer crime relacionado a Epstein e que não tinha conhecimento sobre a vida privada do financista.

Clinton, que não foi apossui acusações formais, está nas listas de passageiros dos voos de Epstein para diferentes países, mas sua possível presença em uma das ilhas do financista onde teriam ocorrido abusos não está clara - Giuffre garante que sim, mas ele nega.

A testemunha também mencionou uma suposta relação de Epstein com o ex-presidente Donald Trump. Segundo Sjoberg, certa vez, enquanto voava com o magnata em um de seus aviões, eles fizeram uma parada não planejada em Nova Jersey, onde o acusado teria dito a seguinte frase: "Ótimo, vamos ligar para Trump", afirmou Sjoberg, acrescentando que Epstein sugeriu que visitassem o cassino do republicano. No entanto, não há mais menções ao ex-presidente.

Outro nome que aparece no processo é o do príncipe Andrew, filho da rainha Elisabeth II. De acordo com a testemunha, quando foi apresentada a ele, o membro da realeza britânica teria “colocado a mão em seu peito". Em 2022, as partes chegaram a um acordo em uma ação judicial paralela, na qual ela alegou que foi abusada sexualmente por ele quando tinha 17 anos.

A menção mais inusitada que aparece nos documentos é a do astrofísico Stephen Hawking, que supostamente participou de uma orgia com menores de idade nas Ilhas Virgens. Há imagens que mostram que o famoso físico visitou a ilha de Epstein em 2006 durante uma conferência em uma ilha vizinha.

Segundo os documentos, um e-mail enviado por Epstein à ex-namorada Ghislaine Maxwell, em 12 de janeiro de 2015, expõe que o acusado pediu à companheira para ver se algum amigo ou familiar de Virginia Giuffre, uma das supostas vítimas e autora dos processos tornados públicos, compareceria em tribunal para ajudar a provar que suas acusações contra o astrofísico eram falsas.

Epstein escreveu: "Ele pode recompensar qualquer amigo, conhecido e família de Virginia que se apresente e ajude a provar que suas acusações são falsas […]". Não há detalhes sobre o porquê do financista querer refutar a acusação.

Durante sua viagem à região, Hawking participou de um churrasco com Epstein e fez um passeio subaquático ao largo da ilha do bilionário.

A juíza Loretta Preska, do tribunal federal para o Distrito Sul de Nova York, ordenou que os documentos anteriormente sigilosos, que incluem as identidades de cerca de 150 pessoas, fossem tornados públicos a partir de 1º de janeiro. O fato de alguns nomes serem citados nos documentos não implica em nenhum tipo de culpa, pois há desde e-mails até declarações de vítimas e testemunhas. A identidade daqueles que eram menores de idade ou que não fizeram declarações públicas permanecerá oculta.

Foi estabelecido um prazo para que qualquer pessoa que se opusesse à divulgação de seus nomes tivesse tempo de se opor, e pelo menos duas pessoas se opuseram e têm até 22 de janeiro para explicar seus motivos. O primeiro lote de documentos, divulgado nesta quarta-feira (3), tem cerca de mil páginas no total.

As informações do processo foram previamente redigidas para ocultar os nomes de mais de 100 vítimas, associados ou amigos do acusado, sendo todos mencionados com a designação “J. Doe” e um número de identificação exclusivo.

Epstein cometeu suicídio em 2019 em uma prisão federal em Nova York, onde aguardava julgamento por supostamente ter montado uma rede de tráfico sexual de menores de idade a partir de suas mansões nos estados de Nova York e Flórida. As meninas mais jovens tinham 14 anos, de acordo com a acusação.

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