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De Madri a Nova York, 951 cidades em 82 países fazem seu grito dos "indignados" neste sábado (15), se manifestando contra a precariedade, o sistema financeiro e a crise, no primeiro dia de um protesto mundial do movimento, que completa cinco meses desde seu nascimento na Porta do Sol da capital espanhola.

Com o lema "Unidos por uma mudança global", os "indignados" apostam que "pessoas de todo o mundo tomarão as ruas e as praças".

Desde o surgimento do movimento, que teve início com um protesto de centenas de pessoas em Madri no dia 15 de maio, os "indignados" e grupos de filosofia parecida, como "Ocuppy Wall Street", querem fazer deste 15 de outubro (15-0) um dia simbólico, reunindo-se diante de sedes financeiras como Wall Street, a City de Londres ou o Banco Central Europeu (BCE), em Frankfurt.

No início deste sábado, Sidney, Hong Kong e Tóquio iniciavam seus protestos, adaptando-o às diferentes reivindicações locais: enquanto cerca de cem pessoas em Tóquio demonstravam sua oposição ao acidente nuclear de Fukushima, em Sidney 600 australianos lutavam pelos direitos dos aborígines.

"Da América à Ásia, da África à Europa, as pessoas estão se levantando para lutar por seus direitos e pedir uma autêntica democracia", acrescenta o manifesto do 15-0. "Os poderes estabelecidos atuam em benefício de alguns poucos, ignorando a vontade da grande maioria", segue. "É preciso pôr fim a esta intolerável situação".

Em Madri, centro do movimento, cinco protestos que saem ao longo do dia de diferentes bairros se reunirão na famosa fonte das Cibeles e depois na Porta do Sol, símbolo desde aquela noite de primavera que voltará a se converter em dormitório do protesto na noite deste sábado.

Em Nova York, o movimento "Ocuppy Wall Street", que nos Estados Unidos se centra no desemprego juvenil e no aumento da desigualdade, ocupa um parque desde o dia 17 de setembro e neste sábado se reunirá na Times Square. A adesão ao protesto será desigual entre os países. Enquanto são esperados centenas de "indignados" em países asiáticos, são aguardados 200 mil manifestantes em Roma, onde 70 ônibus estão transportando pessoas de toda a Itália para criticar o primeiro-ministro, Silvio Berlusconi, e sua gestão da crise da dívida.

"Queremos que o dia 15 de outubro seja um momento decisivo que dê origem a uma série de atuações no outono quente", explicava uma porta-voz do movimento na Espanha, Odile, membro do grupo "Juventude sem Futuro".

No entanto, a ausência de um líder identificável, a rejeição de qualquer estrutura política e a "democracia participativa" levada ao extremo levantam dúvidas sobre a viabilidade do movimento.

Apesar disso, na Espanha, um país atingido por um desemprego recorde de 20,89%, que chega aos 46,1% entre os jovens de 16 a 24 anos, a voz dos "indignados", com um amplo apoio popular, soube se fazer ouvir, agindo inclusive para impedir ou atrasar a expulsão de dezenas de hipotecados que seriam despejados.

Em paralelo aos protestos espanhóis, os "indignados" preveem tomar outras cidades europeias, como Atenas, que, junto a Roma e Madri, está no centro da tempestade financeira há meses.

Milhares de manifestantes são esperados em Bruxelas, destino de uma marcha que atravessou a Espanha e a França, assim como na Suíça, onde atacarão o poder bancário, ou em Lisboa, onde o movimento "Geração precária" se apresenta como precursor da mobilização.

Em Johannesburgo, cerca de 50 pessoas se reuniram em frente à mais importante Bolsa da África com cartazes que diziam "Abaixo ao capitalismo" ou "Que o povo compartilhe a riqueza", dois dos pedidos que se estendem neste sábado pelo planeta.

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