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Pré-candidatos do Partido Republicano durante o debate da última quinta-feira, em Jacksonville, na Flórida. A partir da esquerda, Rick Santorum, Newt Gingrich,  Mitt Romney e Ron Paul | AFP/ Joe Raedle
Pré-candidatos do Partido Republicano durante o debate da última quinta-feira, em Jacksonville, na Flórida. A partir da esquerda, Rick Santorum, Newt Gingrich, Mitt Romney e Ron Paul| Foto: AFP/ Joe Raedle

Redes Sociais

Políticos investem na internet

Quatro anos depois das eleições em que tiveram grande peso para a vitória do democrata Barack Obama, todos os pré-candidatos do Partido Republicano estão presentes nas redes sociais e dão mais atenção a elas. Mas esse fato não tem relação com o estilo dos candidatos e, sim, com a maneira como essas ferramentas estão presentes nas rotinas dos eleitores nos Estados Unidos.

"As redes sociais têm uma importância crescente em muitos aspectos na vida dos americanos, mas não estou certo que elas vão impactar as eleições", diz o cientista político Ole Holsti.

O professor da USP Sean Purdy considera exagerada a ênfase que se dá hoje às redes sociais, que para ele têm papel equivalente a outros meios de comunicação, como a televisão.

"Só porque um candidato tem monte de propaganda na internet não significa que vai ganhar. Mais importantes são a força de organização, o dinheiro e a habilidade de convencer a elite do partido e do país".

Resultados

Veja quantos votos têm os primeiros colocados nas prévias do Partido Republicano

31 delegados

Mitt Romney está em primeiro, apesar de só ter saído vitorioso em New Hampshire.

26 delegados

Newt Gingrich é o segundo, depois de ter vencido a prévia na Carolina do Sul.

10 delegados

Sem ganhar prévias, Ron Paul está à frente de Rick Santorum, que tem 8 delegados.

Flórida será o estado do desempate

A realização das prévias por estado permite aos eleitores discutirem temas mais locais. No caso da Flórida, o analista político João Augusto de Castro Neves considera dois assuntos os mais importante: a questão agrícola – o estado é um grande produtor de la­­ranja – e a imigração.

No debate da última quinta-feira Newt Gingrich tentou atacar Mitt Romney ao chama-lo de anti-imigrantes.

Romney disse que seu pai nasceu no México e emendou "A ideia de que sou anti-imigrante é repulsiva. Não use um termo como este".

Cada uma das três primeiras prévias teve um vencedor diferente. O revezamento dos favoritos nos resultados faz da Fló­­rida, que terá as primárias na próxima terça-feira, o estado do desempate na corrida republicana.

O professor de História dos Estados Unidos Sean Purdy, da Universidade de São Paulo (USP), ressalta a importância de a Fló­­rida "ser o primeiro grande es­­tado nas primárias", mas não o considera definitivo. "Há mui­­tos exemplos históricos de viradas nas primárias seguintes", diz.

Robert Erikson, cientista po­­lítico da Universidade Co­­lum­­bia, nos EUA, explica que quem vence na Flórida leva to­­dos os 50 votos do estado. Além disso, há uma questão simbólica: "Quem ga­­nhar na Flórida pode se tornar o principal. Isso porque a classe política vai pensar que ele é o principal", diz o pesquisador.

Deslizes morais, segredos fiscais, contradições e excessos dos pré-candidatos do Partido Republi­­cano à Presidência dos EUA são expostos nos debates transmitidos pela televisão. O curioso é que essas discussões, que estão conquistando cada vez mais espaço na mídia americana (e estrangeira), servem apenas para a escolha de um candidato que vai enfrentar Barack Obama em novembro.

Na última quinta-feira, o site da CNN publicou um artigo do co­­lunista John Avlon em que é destacado o fato de os candidatos es­­tarem diante de seus concorrentes e serem julgados pelo "conhecimento prático da política e sua capacidade de pensar e falar por si mesmos". Avlon acrescenta: "É um bom teste de coragem presidencial – e o caráter é revelado, assim como o intelecto, ao longo dos debates".

A Gazeta do Povo entrevistou pesquisadores de política dos EUA sobre a importância desses debates. O analista político João Au­­gusto de Castro Neves, da Eurasia consultoria em Washington, diz que há temas polêmicos que os candidatos até conseguem contornar durante a campanha, mas, quando chegam aos encontros com seus rivais, precisam declarar suas posições. "Por mais caótico que seja, o sistema das prévias incentiva o debate", diz Neves, ao lembrar que a participação dos eleitores na escolha do candidato do partido alimenta o embate entre os republicanos.

O cientista político Ole Holsti, da Universidade de Duke, nos EUA, considera que os debates costumam ser mais decisivos para eliminar candidatos, como no caso de Rick Perry, que abandonou a corrida. "Ele foi muito mal nos debates. Quase todos que assistiram tiveram sérias dúvidas sobre sua real capacidade de ser um forte candidato presidencial", diz Holsti.

Espetáculo midiático

Na semana passada, o jornal The New York Times publicou uma re­­portagem em que descrevia o clima nos bastidores dos debates. Mi­­nutos antes do início da transmissão na Carolina do Sul, no dia 21, um apresentador pediu ao pú­­blico que demonstrasse mais en­­tu­sias­mo, conforme descreve o jornal.

Minutos depois, o debate co­­meçaria com uma pergunta sobre a vida pessoal de Newt Gingrich. A sua ex-esposa, Marianne Gin­­grich, havia feito declarações à rede de televisão ABC em que afirmava que o candidato, notório por ser muito conservador, propôs a ela um casamento aberto a fim de manter relações com a en­­tão aman­­te (e atual esposa) Cal­­lista Bisek.

Gingrich ficou furioso com a escolha da CNN de começar o de­­bate com ataques pessoais e recebeu o apoio da plateia com aplausos. Esse tipo de pergunta pode ser considerado golpe baixo, mas é interessante observar a reação de Gin­­grich e lembrar que ele liderou a campanha pelo impeachment de Bill Clinton como punição ao caso com a estagiária Monica Lewinsky. No entanto, o lembrete do falso moralismo de Gingrich no debate parece não ter abalado sua campanha, já que ele saiu vitorioso na Carolina do Sul.

O professor de Ciência Política Mark Miller, da Universidade de Delaware, nos EUA, conta que pre­­fere jogos de basquete aos debates do Partido Republicano. Amigos de Miller que estão acompanhando os encontros políticos com mais frequência os definem como "espetáculo". "O Estado da política americana é muito triste. Como a maioria das pessoas, eu acho deprimente essa situação [atual]", diz o acadêmico.

Na última quinta-feira, em Jack­­sonville, na Flórida, Mitt Romney conseguiu se destacar e, de acordo com analistas, saiu do debate me­­lhor do que Newt Gingrich, que ficou mais na defensiva. O desempenho de Romney foi considerado uma reação à derrota na Ca­­rolina do Sul e um novo impulso para as primárias da Flórida, na próxima terça-feira.

Como agora são apenas prévias, é bom que o rival de Barack Obama se prepare. O professor Hols­­ti diz que, nas eleições presidenciais, os debates são ainda mais determinantes e lembra: "John Kennedy se saiu muito me­­lhor que Richard Nixon em 1960 e isto provavelmente foi decisivo".

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