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Em Los Angeles, manifestantes também protestaram contra a decisão do júri | Lucy Nicholson/Reuters
Em Los Angeles, manifestantes também protestaram contra a decisão do júri| Foto: Lucy Nicholson/Reuters

Resposta

ONU se diz preocupada com mortes de jovens negros nos EUAEfe

A ONU expressou ontem sua preocupação pelo "desproporcional" número de jovens negros que são mortos nos EUA pela polícia e pediu às autoridades que atuem para dar resposta à crescente desconfiança que muitas comunidades têm em relação à Justiça.

O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Zeid Ra’ad Al Hussein, pediu que as autoridades americanas examinem com profundidade como os "assuntos raciais" estão afetando os sistemas de Justiça e de polícia no país. Hussein também chamou a atenção para o alto número de mortes relacionadas com as armas que se registram no país.

Distúrbios

Tensão Racial

Lembre de protestos ocorridos nos EUA nas últimas três décadas, após atuações policiais contra cidadãos afro-americanos:

• 1980

Pelo menos 15 pessoas morreram em Miami nos incidentes que seguiram à absolvição de quatro policiais brancos acusados de matar um negro que cometeu uma infração de trânsito.

• 1982

A absolvição de quatro policiais flagrados por um cinegrafista amador dando uma brutal surra no taxista negro Rodney King gerou protestos que deixaram 55 mortos.

• 1989

A morte de um jovem negro em Overtown (Flórida) pelos disparos de um policial hispânico gerou durante duas noites a ira dos membros de sua comunidade.

• 1996

A morte do jovem negro Tyron Lewis durante um controle policial de tráfego causou distúrbios na cidade de Saint Petersburg (Flórida).

• 2001

Cincinnati viveu vários dias de violência depois que um oficial da polícia matou um jovem negro.

• 2010

Oakland foi palco de violentos incidentes depois que um júri declarou culpado de homicídio involuntário o policial Johannes Mehserle pela morte do jovem negro Oscar Grant.

• 2013 Um júri declarou inocente das acusações de assassinato em segundo grau e homicídio involuntário George Zimmerman, um vigilante voluntário que matou um adolescente negro desarmado.

EFE

  • Comerciantes de Ferguson passaram a terça-feira limpando as lojas destruídas

O Departamento de Justiça americano continuará as investigações que podem indiciar o policial Darren Wilson, 28, de Ferguson (Missouri), inocentado por um grande júri na segunda-feira.

Wilson matou o jovem negro Michael Brown, 18, em agosto. A decisão dos jurados provocou uma onda de violência na madrugada de segunda para terça-feira.

Eric Holder, secretário de Justiça, disse que serão feitas duas investigações federais. "Há uma necessidade de restaurar a fé de muitos na Justiça. [...] Não aceitaremos protestos violentos. Temos de lembrar que os protestos que tiveram os resultados mais duradouros de nossa história foram pacíficos", disse.

Wilson disparou 12 tiros contra Brown, dos quais sete o acertaram, minutos após o rapaz roubar cigarros em uma loja de conveniência.

A decisão foi duramente atacada por líderes negros. "Quando um negro mata um negro, vai para a prisão, mas, quando um policial branco mata um negro, sai livre", disse o professor Michael Eric Dyson, da Universidade Georgetown.

Em Ferguson, cidade de 21 mil habitantes na região de Saint Louis, onde 67% da população é negra, distúrbios violentos explodiram logo após o veredicto, às 20h15 (0h15 de ontem em Brasília).

Cerca de mil pessoas se aglomeraram na avenida West Florissant, perto de onde Brown foi morto. Em minutos, um carro da polícia estava em chamas, depois de ter os vidros quebrados.

Aos 700 homens da Guarda Nacional enviados à cidade ontem foram acrescentados mais 1,5 mil.

Calma

A mãe de Brown, Lesley McSpadden, discursou de cima de um carro. "Eles sabem como esses tiros acertaram o meu filho?"

O pai, Michael Brown Sr., pediu calma aos manifestantes. "Temos de canalizar essa frustração para uma mudança positiva."

Mas dezenas de pessoas saquearam lojas e atearam fogo a elas na área mais pobre de Ferguson. Ao todo, 12 prédios foram queimados e 80 pessoas foram presas.

Protestos mais pacíficos aconteceram em Nova York, Washington, Los Angeles, Oakland e Seattle.

Entre as principais reclamações dos manifestantes está o fato de a investigação ser conduzida pelo promotor do condado de Saint Louis, Robert McCulloch, 62.

Seu pai, ex-policial, foi morto quando ele tinha 12 anos por um jovem negro, e sua mãe e seu irmão, além de um tio e sobrinhos, já trabalharam para a polícia local.

Em entrevista, McCulloch disse que os 12 jurados se reuniram 25 vezes e ouviram 60 testemunhas.Wilson não se pronunciou após a decisão.

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