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Papa Francisco participa da Santa Missa na Basílica de São Pedro, na Cidade do Vaticano, 24 de abril de 2022.
Papa Francisco participa da Santa Missa na Basílica de São Pedro, na Cidade do Vaticano, 24 de abril de 2022.| Foto: EFE/EPA/CLAUDIO PERI

Dirigentes do exílio e cubanos de Miami criticaram nesta quinta-feira (14) algumas declarações do papa Francisco sobre Cuba e o ex-presidente Raúl Castro, descritas como "lamentáveis", "injustas", "ultrajantes" e "dolorosas", além de o acusarem de "escandalizar" os cristãos cubanos e "desrespeitar" a Igreja.

Em entrevista a duas jornalistas da emissora Univisión, transmitida no último dia 11 de julho, quando perguntado sobre os protestos antigovernamentais dessa mesma data do ano passado, Francisco disse que Cuba é um "símbolo" para ele e que tem "uma relação humana" com Raúl Castro, irmão de Fidel Castro e ex-presidente do país.

“Quando Sua Santidade fala, o povo espera solidariedade; quando Sua Santidade fala, nós católicos esperamos sua caridade; quando Sua Santidade fala o mundo também escuta”, afirmou Rosa María Payá, filha de Oswaldo Payá, falecido líder do Movimento Cristão de Libertação. Católica praticante, ela não escondeu sua indignação, assim como outros cubanos de Miami nas redes sociais.

Yulier Suárez, um cubano com conta no Twitter, publicou uma montagem de Francisco usando uma boina com uma estrela vermelha como a de seu compatriota Ernesto "Che" Guevara junto com a insígnia comunista com a foice e o martelo na batina, sob a legenda: "O Papa Vermelho. Acredite em Deus e não na Igreja."

"Santidade: há palavras e declarações que ferem mais que a repressão. Ouçam as mães dos jovens presos no 11 de julho e não os poderosos, devemos isso ao Evangelho", escreveu na mesma rede social outro cidadão cubano, Leonardo Fernández Otaño.

Já Rosa María Payá, dirigente do movimento Cuba Decide, publicou um vídeo no qual acusa o papa de "deixar indefesos os cubanos e os presos políticos e seus familiares" e de "abandonar as justas aspirações de paz, liberdade, justiça social e democracia" na ilha.

Na entrevista realizada pelas jornalistas mexicanas María Antonieta Collins e Valentina Alazraki, o papa falou de muitos assuntos, mas em Miami o único tema que ressoou foi a parte referente a Cuba, que segue repercutindo quatro dias após a transmissão.

O ex-preso político Jorge Luis Pérez "Antunez", que passou 17 anos na prisão e vive exilado nos Estados Unidos, reclamou que, em vez de enviar uma mensagem "pedindo ao regime que cesse a repressão”, Francisco falou “afetuosamente” de Raúl Castro.

"Se há um país na América Latina onde o cristianismo foi perseguido, é Cuba", destacou Antúnez, que indicou que, quando estava preso nas prisões da ilha, sempre teve dificuldades em ter "acesso a um padre ou a uma Bíblia".

Por sua vez, Orlando Gutiérrez, líder da Direção Democrática Cubana, afirmou que com suas palavras Francisco deixa para trás "os bravos padres e freiras que estão apoiando o povo em sua resistência" e esquece as "centenas de pessoas detidas e condenadas" por protestar pacificamente.

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