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Cerca de 30 pessoas ficaram feridas no mercado atacadista da cidade cisjordaniana de Hebron, onde a Polícia e o Exército israelenses desocuparam nesta terça-feira (7) três locais ocupados por colonos.

Fontes policiais disseram que quinze agentes ficaram feridos, assim como 14 colonos e ativistas de extrema-direita. Todos eles sofreram ferimentos leves.

O subcomissário da Polícia em Hebron, Avshalom Peled, disse que seus homens realizaram a operação com "contenção" e que "não houve grandes expressões de violência".

Treze colonos e ativistas foram detidos pela Polícia, informou um porta-voz desse corpo de segurança.

Aproximadamente 3.000 agentes e soldados israelenses participaram da operação para retirar duas famílias de colonos que tinham se instalado ilegalmente em comércios do mercado atacadista de Hebron, apoiados por centenas de adolescentes e jovens ultradireitistas.

A evacuação foi feita por centenas de agentes da Polícia de Fronteiras e por uma unidade do Corpo de Defesa Civil - especialistas em desarmar estruturas -, com o apoio de milhares de efetivos militares que isolaram a área.

Os radicais entrincheirados, na maioria adolescentes, jogaram pedras, óleo e diversos objetos nos agentes, além de terem colocado arame farpado e queimado pneus no mercado para impedir a entrada das forças da ordem.

"É um ato de protesto contra uma injustiça por parte de um Governo que não respeitou um acordo", disse um dos dirigentes do Comitê Judeu da cidade.

A operação durou cerca de quatro horas - mais do que o previsto -, porque os colonos tinham construído uma espécie de bunker de concreto, que a unidade de Defesa Civil teve que demolir pouco a pouco.

Também retiraram janelas e portas dos locais para impedir que os colonos voltem a se instalar neles.

O incidente ocorreu em um mercado palestino vazio no qual os colonos judeus de Hebron, o núcleo mais duro da direita nacionalista, tomaram há oito meses três locais, com o argumento de que foram propriedade da antiga comunidade judaica da cidade, expulsa pelos palestinos antes de 1948.

Em Hebron, também conhecida como "cidade dos patriarcas", moram cerca de 700 colonos judeus entre uma população palestina de aproximadamente 130.000 habitantes.

O Exército israelense se recuou de 80% desta cidade em virtude de um acordo alcançado no final dos anos 90 entre o ex-primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu e o falecido presidente palestino Yasser Arafat. Desde então, milhares de soldados protegem os colonos judeus no 20% restante.

O mercado em questão ficou dentro da zona controlada pelo Exército israelense, que em setembro de 2000, no início da Intifada de al-Aqsa, fechou o local para os palestinos.

Os colonos aproveitaram esse vazio para reivindicar os imóveis e se apoderar de três locais sem o consentimento do Governo israelense.

A evacuação do mercado evidenciou a divisão na sociedade israelense sobre a legalidade dos assentamentos.

Doze soldados de uma unidade nesse setor foram julgados nesta segunda-feira por seus oficiais, já que haviam se negado a participar da evacuação do mercado, apesar de que sua missão era apenas proteger a operação a partir de fora do recinto.

Os militares alegaram que era contra sua consciência e que os rabinos tinham ordenado que não tomasse parte de nenhuma maneira na evacuação, nem mesmo indireta.

Outros quinze militares, de uma unidade ortodoxa que nada têm a ver com a desocupação, também serão julgados, porque se solidarizaram com seus colegas de Hebron.

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