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Morales dá entrevista em aeroporto de Viena, onde teve de passar 13 horas esperando permissão para seguir viagem | Heinz-Peter Bader/Reuters
Morales dá entrevista em aeroporto de Viena, onde teve de passar 13 horas esperando permissão para seguir viagem| Foto: Heinz-Peter Bader/Reuters

"São todos loucos", diz líder argentina

Das Agências

O tratamento incomum dado ao líder boliviano tocou em um nervo sensível na região, que tem uma história de golpes apoiados pelos Estados Unidos, e outros presidentes correram para apoiar Evo Morales.

"Definitivamente, eles são todos loucos", escreveu a presidente da Argentina, Cristina Fernandez, em sua conta no Twitter depois de um telefonema de Morales, que estava em Viena durante a noite.

A Nicarágua e autoridades cubanas também lamentaram o incidente.

O grupo União de Nações Sul-Americanas (Unasul), formado por 12 nações e que inclui líderes de esquerda da Venezuela, Equador, Argentina e Bolívia, assim como Chile e Brasil, divulgou um comunicado chamando as ações da França e Portugal de "perigosas".

"Nunca na vida soube de um caso em que negaram autorização a um presidente num avião oficial", disse Morales.

Processo

Juristas afirmam que a Bolívia poderia levar o caso à Corte Internacional de Justiça de Haia, caso se comprove que oficiais austríacos inspecionaram o avião de Morales sem seu consentimento para procurar Snowden.

Interatividade

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  • Presidente boliviano acena ao deixar a Áustria

O desvio forçado do avião do presidente da Bolívia, Evo Morales, e as 13 horas em que ele ficou retido no aeroporto de Viena devido às suspeitas de que o americano Edward Snowden, procurado pelo governo de seu país por revelar segredos do programa de vigilância da NSA (Agência de Segurança Nacional), estaria a bordo, irritaram não só o governo boliviano como presidentes de países vizinhos, que reagiram de forma enérgica e cobram explicações da Europa.

A Bolívia acusa França, Portugal, Itália e Espanha de colocarem a vida de Morales em risco depois de fecharem seus espaços aéreos ao voo que levava o presidente de Moscou, onde Snowden permanece com destino indefinido na área de trânsito do aeroporto, a La Paz. O país convocou os embaixadores de França e Itália, além do cônsul de Portugal em La Paz, para consultas. E a Unasul (União de Nações Sul-Americanas) convocou uma reunião para discutir hoje as repercussões do caso.

O tratamento incomum para um avião que transportava um presidente tocou num ponto sensível para líderes latino-americanos que rejeitam a ingerência dos EUA em assuntos internos. De Viena, o próprio Morales, indignado, afirmou que não era "um criminoso para que controlassem o avião".

Em La Paz, manifestantes queimaram bandeiras da França e da União Europeia em frente da embaixada francesa. E autoridades de Argentina, Brasil, Chile, Equador e Venezuela prestaram solidariedade ao presidente boliviano.

"[São] vestígios de um colonialismo que achávamos que já tinha acabado. Não se trata apenas de uma humilhação de uma nação irmã, mas de toda a América do Sul", disse a presidente da Argentina, Cristina Kirchner.

Os presidentes Nicolás Maduro, da Venezuela, e Rafael Correa, do Equador, também telefonaram para Morales.

O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), o chileno José Miguel Insulza, cobrou explicações dos países que impediram o sobrevoo do avião de Morales. Num comunicado, ele afirmou que "nada justifica o desrespeito" à máxima autoridade de uma nação.

As autoridades bolivianas acusam os EUA de terem pressionado os países europeus a impedirem o acesso a seus espaços aéreos num ato de intimidação contra Morales. Eles afirmam que partiram dos EUA os rumores de que, enquanto participava de um encontro de países produtores de gás em Moscou, o presidente boliviano consideraria conceder o asilo a Snowden.

Resposta

Países europeus negam fechamento de espaço aéreo contra boliviano

Autoridades de França, Espanha e Itália negaram ontem que tenham proibido o sobrevoo de seus espaços aéreos pelo avião que levava Morales. O governo de Portugal, por sua vez, afirmou que suspendeu a permissão para uma aterrissagem prevista em Lisboa por "motivos técnicos", mas que havia autorizado o sobrevoo.

Com a aeronave desviada para Viena na terça-feira, Morales só conseguiu deixar a capital austríaca na manhã de ontem. Dali, o avião fez uma escala para reabastecimento em Las Palmas, nas Ilhas Canárias, na Espanha, depois outra parada em Fortaleza. A chegada a La Paz estava prevista para a noite de ontem.

O governo boliviano afirma que apresentou uma queixa formal à Organização das Nações Unidas sobre o caso e que estuda recorrer a outras vias legais para provar que houve violação dos direitos internacionais. O Conselho de Ministros da Bolívia, reunido com urgência em La Paz, expressou rejeição à "arrogância imperialista" da União Europeia.

Com a nova crise diplomática formada, continua o impasse sobre o futuro de Snowden, refugiado na área de trânsito do aeroporto de Moscou há 10 dias, e ainda sem resposta positiva – até o fechamento desta edição – de nenhum dos 21 países aos quais solicitou asilo político.

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