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Área deteriorada de Detroit, com o prédio da sede da GM ao fundo: cidade ícone da indústria automobilística tenta impedir desmonte | Rebecca Cook/Reuters
Área deteriorada de Detroit, com o prédio da sede da GM ao fundo: cidade ícone da indústria automobilística tenta impedir desmonte| Foto: Rebecca Cook/Reuters
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Detroit, o verdadeiro símbolo da força industrial dos Estados Uni­­dos por grande parte do século 20, está desenhando um plano radical de renovação urbana para transformar largas áreas dessa agora deteriorada e corroída cidade de volta em campos e fazendas que existiram antes da era do automóvel.

Operando numa escala nunca antes tentada nos EUA, a cidade demolirá casas em alguns dos bairros mais desolados de Detroit e removerá os moradores para bairros mais fortalecidos. Uma área com 360 quilômetros quadrados da cidade poderá ser transformada, de maneira abrupta, de área urbana em semi rural.Perto do centro, árvores frutíferas e sítios com hortas substituirão bairros que são uma paisagem sinistra de edifícios vazios e terrenos baldios.

Moradores dos subúrbios que se dirigem para o centro da cidade podem ter de passar por campos de cultivo. Os bairros sobreviventes da cidade onde nasceu a in­­dústria automotiva podem se tor­­nar áreas de expansão do verde.

A ideia foi apresentada pela primeira vez por autoridades de Detroit nos anos 1990, quando as dificuldades já se evidenciavam Agora, com a recessão arruinando cada vez mais a cidade, a decisão de avançar com o plano está se aproximando. O prefeito Dave Bing, que as­­sumiu o cargo no ano passado, deve revelar alguns detalhes em seu discurso sobre o estado da cidade

"Coisas que eram impensáveis agora se tornam imagináveis", disse James W. Hughes, reitor da Escola de Planejamento de Polí­­ticas Pública da Universidade de Rutgers, um dos especialistas ­­ que observam o experimento com interesse. "Há uma consciência de que as glórias passadas nunca serão repetidas. Algumas pessoas provavelmente não aceitam isso, mas é a realidade."

O significado do que está sendo preparado é estabelecido pela cidade.

"As pessoas estão assustadas", disse Deborah L. Younger, ex-diretora-executiva de um grupo chamado Detroit Local Initiatives Support Corporation que está trabalhando para revitalizar cinco áreas da cidade. "Quando você lê que os bairros não vão mais existir, isso amedronta."

Embora a inclinação de diminuir de tamanho esteja presente, a forma como fazer isso ainda não está clara e é repleta de problemas.

Decisões politicamente explosivas devem ser feitas sobre que bairros devem ser destruídos e quais devem ser melhorados. Centenas de milhares de dólares de recursos federais serão necessários para comprar terras, construir prédios e realocar moradores, já que a cidade - que precisa desesperadamente de recursos – não tem como fazer isso por conta própria.

Não se sabe quantas pessoas, a maioria negros operários, terão de deixar suas casas, mas poderão ser milhares.

Capital automobilística

Durante a maior parte do século 20, Detroit foi uma potência industrial, a cidade que colocou os Estados Unidos sobre rodas.

Os funcionários das fábricas viviam nas vizinhanças em casas térreas e de sobrados e iam para o trabalho a pé. Mas então, as fábricas começaram a fechar, uma a uma. Os confrontos de 1967 aceleraram o êxodo dos brancos para os subúrbios. Mui­­tos brancos de classe média tomaram o mesmo rumo.

Atualmente, a cidade que tinha quase 2 milhões de habitantes na década de 1950 tem menos de metade desse número.

Em alguns quarteirões, apenas uma ou duas casas estão habitadas, cercadas por lotes cheios de lixo e casas destruídas pelo fogo. Catadores retiraram tudo o que havia de valor dos prédios vazios. Segundo uma estimativa recente, Detroit tem 33.500 casas vazias e 91 mil lotes residenciais vagos.O plano atual prevê a demolição de cerca de 10 mil casas e prédios vazios em três anos e fazer novos investimentos em bairros mais fortes.

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