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Um revoltado Zacarias Moussaoui gritou "Deus amaldiçoe a América" num tribunal norte-americano em que foi condenado à prisão perpétua na quinta-feira, depois de confrontar-se com familiares das vítimas do 11 de setembro.

Moussaoui, a única pessoa condenada nos Estados Unidos em conexão aos ataques de 11 de setembro, sentou-se passivamente enquanto três familiares avançavam em sua direção, incluindo uma mulher cujo marido morreu no avião que bateu no Pentágono.

"Não sinto nada além de nojo de você", disse Rosemary Dillard. "Espero que você fique na cadeia olhando o céu, mas sem ver o sol... e que seu nome nunca mais apareça no noticiário."

No que foi provavelmente sua última declaração pública antes de ser encarcerado numa prisão federal de segurança máxima, Moussaoui usou a oportunidade de falar com o tribunal para lançar a praga contra a América proferida por ele quase diariamente durante os dois meses de julgamento.

"Deus salve Osama bin Laden. Vocês nunca o pegarão", disse o membro confesso da al-Qaeda.

Ele foi condenado minutos depois pela juíza distrital Leonie Brinkema à prisão perpétua, sem possibilidade de liberdade.

Na quarta-feira, um júri rejeitou o pedido do governo dos EUA para que Moussaoui fosse executado e recomendou a prisão perpétua. É quase certo que ele será mandado para uma cadeia de segurança máxima em Florence, Colorado.

Moussaoui, 37, confessou-se culpado de conspirar para os letais sequestros de aviões.

Ele falou por menos de 10 minutos e foi interrompido quando começou a fazer o que Brinkema chamou de "discurso político".

Moussaoui criticou Brinkema por interrompê-lo. "Este país perdeu uma oportunidade de saber por que pessoas como eu e como Mohammed Atta têm tanto ódio de vocês", disse, referindo-se a um dos líderes dos atentados de 11 de setembro.

Vestido com uma roupa de prisioneiro verde e um boné branco, Moussaoui entrou no tribunal fazendo o "V" de vitória. Sentou-se com um amplo sorriso nos lábios.

Depois de sentenciar Moussaoui, Brinkema disse que o veredicto do júri havia mostrado que a Justiça foi feita.

"Todo americano, ou seja, quem queria ver este réu executado e quem não queria, devem ficar satisfeitos", disse Brinkema.

"Sr. Moussaoui, o sr. veio aqui para ser um mártir e morrer na glória. Mas, citando T.S. Eliot, você vai morrer com um gemido"', disse, referindo-se ao famoso poeta.

Apesar de mais de 40 familiares de vítimas terem testemunhado durante o julgamento, Brinkema concedeu a eles uma chance de falar.

Dillard e dois outros ficaram a cerca de 5 metros de Moussaoui, que estava cercado por guardas.

Abraham Scott, cuja mulher morreu no Pentágono, disse a Moussaoui que esperava ver os Estados Unidos trazerem à Justiça seus "colegas" da al-Qaeda e bin Laden.

"Sr. Moussaoui ... há ainda o dia do juízo final", disse Lisa Dolan, que perdeu o marido no Pentágono.

Moussaoui, cidadão francês descendente de marroquinos, foi preso após levantar suspeitas numa escola de vôo.

O júri não acredita que suas ações resultaram nas mortes de cerca de 3 mil pessoas em 11 de setembro -- parte central do pedido do governo pela pena de morte.

Três dos 12 jurados decidiram que Moussaoui tinha conhecimento limitado do plano de sequestro de aviões. Alguns também acreditaram que seu papel no atentado foi pequeno, se é que existiu.

A mãe de Moussaoui, Aisha el-Wafi, disse que o filho se prejudicou em seu depoimento.

"Sinto como se uma parte de mim estivesse morta, enterrada com meu filho que, aos 37 anos, ficará enterrado por toda a vida por coisas que ele não fez, porque ele falou demais", disse, em Paris.

O ministério do Exterior da França disse que o país pode pedir permissão aos EUA para que Moussaoui cumpra a sentença numa prisão francesa.

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