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"Deus não é mãe, na Bíblia mãe é uma imagem, mas não um título de Deus", afirma o Papa Bento XVI em seu livro "Jesus de Nazaré", apresentado nesta sexta-feira (13) no Vaticano e com o qual convida o leitor a descobrir o chamado Jesus real, que ele diz não ser um mito.

Bento XVI faz essa afirmação em um dos capítulos de seu primeiro livro como Papa, no qual assinala que a comparação do amor de Deus com o amor de uma mãe existe, mas adverte que nem no Antigo nem no Novo Testamento Deus "jamais é invocado ou qualificado como mãe".

"Mãe na Bíblia é uma imagem, mas não um título de Deus", especifica o Pontífice, acrescentando que "Deus não é nem homem, nem mulher, é Deus, criador do homem e da mulher.

O Papa teólogo acrescenta que os cristãos rezam como Jesus ensinou, tendo como base a Sagrada Escritura (o Pai Nosso).

Com esta apreciação, o Sumo Pontífice corrige seu antecessor João Paulo I, que em 10 de setembro de 1978 durante a oração do Angelus disse que Deus era "pai e mãe".

"Deus é pai, mais ainda, é mãe. Os filhos se por acaso estão doentes têm uma condição a mais para serem amados pela mãe e se nós estamos doentes de maldade, fora do caminho, temos um motivo a mais para sermos amados pelo Senhor", disse naquela ocasião Albino Luciani, verdadeiro nome de João Paulo I.

O livro foi apresentado pelo cardeal arcebispo de Viena, Christoph Schönborn - ressaltando que Ratzinger não fala nele como Papa, mas como um simples cristão, e que o texto não é um escrito contra a exegese moderna -; pelo teólogo (protestante) Daniele Garrone e o filósofo progressista e prefeito de Veneza (Itália), Massimo Cacciari.

Garrone disse que Ratzinger quis fazer com o livro uma apologia da fé cristã, mas que existem dificuldades para "reconstruir o Jesus histórico", afirmando que elas surgem porque a vida de Jesus foi a de um homem "à margem" de seu tempo e que chegou até nós através do "fraco" testemunho de homens e mulheres daqueles anos.

O filósofo Cacciari disse que o livro ressalta o radicalismo da mensagem cristã e ressaltou que o Papa cita a frase de Nietzsche - também citado em sua encíclica Deus é amor - na qual o filósofo falava de Jesus "como o melhor homem que jamais existiu".

O livro - no qual Joseph Ratzinger afirma que Cristo é uma realidade, que não é um mito, mas um homem de carne e osso que morreu e ressuscitou - será lançado no próximo dia 16 com uma primeira tiragem na Itália de 350 mil exemplares.

Na Alemanha serão 250 mil, segundo informou a editora Rizzoli, encarregada pela Biblioteca do Vaticano da venda dos direitos autorais no mundo todo.

A obra será lançada em italiano, alemão e polonês, e mais tarde em outros 22 idiomas, entre eles português e espanhol.

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