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Dezenove pessoas foram detidas nesta segunda-feira por um caso de partidas manipuladas, incluindo o capitão da Lazio Stefano Mauri, e a polícia compareceu à concentração da seleção italiana antes da Eurocopa-2012 para interrogar o lateral Domenico Criscito.

Os agentes acordaram Criscito na centro de treinamentos de Coverciano, em Florença, onde a Itália se prepara para a Eurocopa, para ouvir o depoimento do lateral.

Pouco depois do interrogatório, a Federação Italiana de Futebol (FIGC) anunciou que Criscito não disputará a Eurocopa na Ucrânia e Polônia.

"Criscito não estará na Eurocopa-2012, não é seu objetivo principal. Quer esclarecer sua situação", disse o vice-presidente da FIGC, Demetrio Albertini.

O jogador de 25 anos não é vítima do "Código Ético" instaurado pelo técnico da Squadra Azzurra, Cesare Prandelli, que exige um comportamento exemplar dos atletas dentro de fora de campo. A decisão foi tomada porque ele não está suficientemente tranquilo, segundo a FIGC.

A casa do atleta em Gênova, que atualmente joga no Zenit de São Petersburgo da Rússia, também foi revistada.

Apesar do interrogatório, Criscito poderia disputar a Eurocopa por ser considerado apenas uma testemunha assistida, informou o procurador de Cremona, Roberto Di Martino.

"O status de testemunha assistida ('avviso di garanzia', em italiano) é um instrumento para catalogar pessoas investigadas, não um julgamento ou condenação, como se esquece geralmente na Itália", disse o procurador.

Ele também disse que Criscito era o único jogador da seleção relacionado ao caso. O agente do atleta afirmou que o lateral deseja esclarecer o mais rápido possível a questão.

O caso de apostas ilegais, que voltou a sacudir a Itália cinco anos depois do "Calciopoli", que terminou com a Juventus rebaixada para a segunda divisão, recebeu o nome de 'Calcioscommesse' (apostas no futebol).

Além do interrogatório de Criscito, 19 pessoas foram detidas, incluindo 10 jogadores, entre eles o capitão da Lazio, Stefano Mauri. Todos estão sendo investigados por "associação criminosa com intenção de de engano e fraude esportiva".

Mauri, 32 anos, foi envolvido no escândalo por um dos jogadores arrependidos, Carlo Gervasoni, detido em abril. Gervasoni afirmou que Mauri participou no acerto dos resultados das partidas Lazio-Genoa (4-2, em 14 de maio de 2011) e Lecce-Lazio (2-4, 22 de maio de 2011).

Ao ser interrogado em abril pela justiça esportiva, Mauri declarou que os torcedores da Lazio poderiam ficar tranquilos.

De acordo com fontes da operação "Last bet" ("Última aposta" em inglês), os jogadores manipularam partidas em troca de dinheiro. As detenções aconteceram durante a manhã em várias cidades e vários clubes italianos.

A casa do técnico da Juventus, Antonio Conte, também foi revistada. Os fatos investigados têm relação com a temporada 2010-2011, quando Conte treinava o Siena na Série B.

A terceira onda de detenções, depois das operações de novembro de 2011 e abril passado, aconteceu três dias antes da ação da justiça esportiva. Na quinta-feira, a Comissão de Disciplina da Federação Italiana de Futebol (FIGC) deve julgar 22 clubes e 61 jogadores ou ex-jogadores sobre os fatos investigados em Cremona.

A operação "Last Bet" tem três partes diferenciadas e a investigação está sob responsabilidade das promotorias de Cremona, Bari e Nápoles.

O ex-jogador da seleção italiana Giuseppe Signori, o ex-capitão da Atalanta Cristiano Doni e o ex-atleta do Bari Andrea Masiello foram detidos nas ações anteriores.

As máfias locais e estrangeiras estão no centro do escândalo. Os jogadores teriam concordado em acertar resultados de partidas para permitir apostas seguras, em confrontos da Série A e de divisões inferiores.

A manipulação não decidia apenas o vencedor, mas outras circunstâncias, como a diferença de gols do resultado.

Cinco húngaros suspeitos de comandar uma organização mafiosa de apostas estão entre os 19 detidos nesta segunda-feira.

Ao ser questionado sobre a quantia da fraude, o procurador Martino afirmou que algumas partidas poderiam permitir lucros de até dois milhões de euros.

"Para um Lecce-Lazio, o ganho obtido com apostas seria de dois milhões de euros e 600.000 euros foram utilizados para corromper os jogadores", disse.

Martino também citou outras partidas da temporada 2010-2011 sob suspeita de manipulação, entre elas um Bari-Sampdoria e um Lazio-Genoa.

"Também estão sob lupa sete ou oito partidas do Siena", disse.

A Itália pode viver um novo terremoto no futebol, como o "Totonero" de 1980, que enviou o Milan para a segunda divisão e custou dois anos de suspensão a Paolo Rossi, ou o do "Calciopoli", o escândalo de partidas manipuladas que fez a Juventus perder dois títulos (2005 e 2006) e rebaixou o clube para a Série B.

Por coincidência, nas duas vezes em que a Itália foi afetada por casos assim terminou por vencer uma grande competição, as Copas do Mundo de 1982 e 2006.

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