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Dick Cheney falou sobre os interrogatórios da CIA a suspeitos de terrorismo no programa "Meet the Press" da emissora televisiva "NBC" | REUTERS/William B. Plowman/NBC News/Handout via Reuters
Dick Cheney falou sobre os interrogatórios da CIA a suspeitos de terrorismo no programa "Meet the Press" da emissora televisiva "NBC"| Foto: REUTERS/William B. Plowman/NBC News/Handout via Reuters

O ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Dick Cheney, defendeu neste domingo os polêmicos interrogatórios da CIA a suspeitos de terrorismo após os ataques de 11 de setembro de 2001, apesar das torturas durante o procedimento reveladas no relatório publicado esta semana pelo Senado.

"Tortura é o que os terroristas da Al Qaeda fizeram a três mil americanos no 11/9", afirmou Cheney no programa "Meet the Press" da emissora televisiva "NBC".

"Não se pode comparar isso com o que nós fizemos ao impulsionar os interrogatórios", ressaltou o ex-vice-presidente de George W. Bush, que fez parte da chamada "guerra ao terror" lançada após o 11/9.

"Tortura, para mim, é um cidadão americano fazer em seu celular uma última ligação para seus quatro filhos jovens pouco antes de queimar até a morte nos andares superiores das Torres Gêmeas em Nova York durante o 11/9", insistiu.

Cheney se mostrou também orgulhoso de seu papel no estabelecimento do controvertido programa de interrogatório: "Faria de novo sem hesitar".

Na sua opinião, a CIA "evitou de forma muito cuidadosa" qualquer prática de tortura.

Perguntado se a alimentação retal dos detidos, como assinalou o relatório, é aceitável, o ex-vice-presidente respondeu: "Acho que fizeram por motivos médicos", noção negada pela investigação do Senado.

Sobre a detenção e interrogatório de estrangeiros que se provaram inocentes, opinou: "Não tenho nenhum problema (com isso) sempre que alcançarmos nosso objetivo. E nosso objetivo é apanhar os tipos que cometeram o 11/9 e evitar outro ataque contra os Estados Unidos".

O programa da CIA "funcionou, funcionou completamente", acrescentou Cheney, em alusão à obtenção de informação para evitar atentados e salvar vidas.

Também se pronunciou sobre a alegação de que o então presidente, George W. Bush, não foi informado sobre o alcance das práticas da CIA.

"Este homem (Bush) sabia o que estávamos fazendo. Ele autorizou. Ele aprovou", ressaltou Cheney, que rotulou o relatório do Senado de "defeituoso".

A versão do ex-vice-presidente contradiz o documento do Senado, que concluiu que a CIA realizou práticas de interrogatório "mais brutais" do que tinha admitido nos anos posteriores ao 11/9 e que elas não tiveram resultados efetivos.

O relatório, de mais de seis mil páginas e divulgado após cinco anos de investigações, descreveu ainda práticas de asfixia simulada praticadas no cérebro do 11/9, Khalid Shaikh Mohammed, e em outros detidos, definidos como "séries de afogamentos" que produziam vômitos.

O texto indicou que, com a aprovação da equipe médica da CIA, pelo menos cinco dos prisioneiros foram submetidos a procedimentos "medicamente desnecessários" de "alimentação retal" e "hidratação retal" e outros tantos a banhos de gelo.

O relatório questionou ainda a relevância da informação obtida nesses interrogatórios, que o governo na época considerou "crucial" para entender o funcionamento da rede Al Qaeda e para deter alguns de seus líderes.

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