
As maiores eleições do mundo têm números superlativos. Mais de 800 milhões de eleitores estão convocados para escolher os representantes do parlamento na Índia, em um processo que começou na última segunda-feira e se estenderá por cinco semanas.
INFOGRÁFICO: Veja os números do processo de eleição da Índia
O número mais representativo, no entanto, é outro: após dez anos, o Partido do Congresso, da tradicional dinastia Nehru-Gandhi, que governou o país na maior parte de sua história, está próximo de deixar o poder. Em seu lugar, o partido nacionalista Bharatiya Janata (BJP) deverá levar ao posto de primeiro-ministro o controverso Narendra Modi, que terá entre suas tarefas frear a desaceleração econômica e combater a corrupção endêmica que consome o país.
Divididas em nove etapas, as eleições vão escolher os 543 representantes da câmara baixa do parlamento indiano, a Lok Sabha. Qualquer partido ou coalizão precisa ter pelo menos 272 deputados para formar a maioria que vai decidir quem será o novo primeiro-ministro. Os governistas apostam em Rahul Gandhi, filho da atual líder do Partido do Congresso, Sonia Gandhi, mas a derrota é dada como certa em vista do desgaste causado por escândalos de corrupção e problemas sociais.
"Não há chance de o Congresso se manter no governo. Eles serão punidos pelos eleitores, que estão muito insatisfeitos com a situação do país. E não há outro grande partido em condições de vencer", diz Oliver Stuenkel, professor de Relações Internacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV). O novato Partido Aam Aadmi (AAP), que encampou a bandeira do combate à corrupção, também não é visto como uma ameaça à vitória de Modi.
"O [partido] Congresso enxerga a Índia como um país de muitas religiões, priorizando a integração das minorias. Já Modi é essencialmente hindu, o que alimenta temores de que esse nacionalismo se espalhe e gere tensão no país", diz Stuenkel sobre os prováveis rumos do governo.
A economia, que está em processo de desaceleração, não deve sofrer grandes mudanças, na opinião de Gutenberg Teixeira, professor de Relações Internacionais e doutorando em Responsabilidade Jurídica pela Universidade de León. "Dada sua natureza conservadora, a oposição provavelmente buscará um meio termo, que mantenha um fluxo de investimento estrangeiro ao mesmo tempo em que estende a mão ao capital nacional e restringe as políticas sociais", afirma.
Sucessão
Quem são os principais candidatos a primeiro-ministro da Índia:
Narendra Modi
Partido Bharatiya Janata
Aos 63 anos, é o principal nome da oposição e favorito para o cargo. Ministro-chefe do estado de Gujarat desde 2001, é tido como um líder conservador e linha dura. É contestado pelos muçulmanos, que o acusam de não ter agido para evitar conflitos que causaram a morte de mais de mil pessoas na cidade de Ahmedabad em 2002.
Rahul Gandhi
Partido do Congresso
Filho do ex-primeiro-ministro Rajiv Gandhi e da presidente do Partido do Congresso, Sonia Gandhi, tem 43 anos. Em que pese a tradição da família, tem contra si a inexperiência política e as denúncias de corrupção contra o governo. Também sofre críticas por ser considerado um político de pouca personalidade.
Arvind Kejriwal
Partido Aam Aadmi
O político de 45 anos é a principal novidade nas eleições. Em 2012 fundou o AAP, tendo como bandeira o combate à corrupção. Lançou um movimento chamado Índia Contra a Corrupção, que teve grande adesão popular. Pode ganhar os votos daqueles insatisfeitos com o governo, mas que temem o conservadorismo de Narendra Modi.



