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O discurso do presidente George W. Bush sobre imigração causou reações adversas entre seus colegas republicanos, críticas dos democratas e repúdio de lideranças dos imigrantes, além de ter causado dúvidas na imprensa. É o assunto de destaque das primeiras páginas dos jornais desta terça-feira.

Uma das reações é a do ceticismo quanto ao plano de enviar à fronteira com o México seis mil integrantes da Guarda Nacional, uma força civil subordinada ao Exército que se presta a missões locais, estaduais ou federais, como no caso do reforço das tropas americanas no Iraque. A Guarda normalmente trabalha em meio expediente.

Bush disse que os guardas ficarão na fronteira durante um ano, até que a Patrulha da Fronteira, à qual cabe a segurança, seja reforçada com mais patrulheiros. O "Los Angeles Times" diz que os guardas ficarão na fronteira em sistema de rodízio, abrindo mão do período de treinamento de suas funções normais. "Isto vai complicar a tarefa de preparar tropas da Guarda para sua função primária: responder a desastres naturais e outros e conduzir missões de combate e manutenção da paz no exterior", afirma o jornal.

Já o "Washington Post" lembra que o presidente do Comitê Orçamentário do Senado, o republicano Judd Gregg, duvida da viabilidade da militarização da fronteira por causa do custo. "Ele disse que custaria pelo menos US$ 2 bilhões enviar tropas adicionais e rejeitou a idéia da Casa Branca de pagar por isto com o fundo de US$ 1,9 bilhão aprovado pelo Senado para gasto de emergência no Iraque e no Afeganistão". A Casa Branca não tem idéia de quanto vai custar o envio da Guarda à fronteira.

Sobre o programa de trabalho temporário que Bush apóia, o Senado discute e a Câmara não quer, Roy Blunt, o líder dos republicanos na Câmara, é bem cético:

- Tenho preocupação quanto implementar um programa de trabalhadores temporários ou um plano para resolver a questão dos que estão aqui ilegalmente, até que tenhamos resolvido nossos sérios problemas de segurança na fronteira.

O "Los Angeles Times" acha que o apoio dos republicanos ao presidente vai sofrer mais abalo do que o que já está sofrendo. Comentaristas conservadores duvidam da eficácia do plano, acreditando que a fronteira vai continuar aberta. Um deles acha que o que Bush fez na segunda-feira foi demagogia para agradecer aos latinos que votaram nele em 2004 e que têm de votar, este ano, na renovação de parte do Congresso e para governadores de Estado.

O segundo democrata na hierarquia do Senado, Dick Durbin, questiona a capacidade de Bush de liderar os republicanos no Congresso para uma reforma real da imigração.

- Os democratas estão dispostos a apoiar qualquer plano razoável para proteger nossas fronteiras, incluindo enviar tropas da Guarda Nacional - disse ele. - Mas os americanos não querem um plano feito para conseguir favor político.

A coalizão A.N.S.W.E.R, um dos principais grupos de ativismo contra a guerra e o racismo nos Estados Unidos, divulgou comunicado convocando protestos de emergência para a terça e a quarta-feira e para a semana que vem. Eles são contra a militarização da fronteira, acham que o programa de trabalho temporário não é justo e querem a anistia dos imigrantes ilegais, o que nem Bush nem os republicanos querem.

Material de agencias internacionais mostra que os imigrantes mexicanos continuam querendo entrar nos Estados Unidos de qualquer maneira, Segundo a rede CBS.

E, no México, o candidato que lidera as pesquisas de intenção de voto, Felipe Calderón, que representa o partido no poder, disse ser contra a militarização da fronteira.

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