Briga de vizinhos
Entenda o conflito sino-japonês, que envolve a disputa pela posse de ilhas:
- Colisão: em 7 de setembro, um barco pesqueiro chinês colidiu com duas patrulheiras japonesas, que exigiram que a embarcação parasse e permitisse uma inspeção, quando trabalhava em águas das ilhas Diaoyu, disputado pelos dois países e por Taiwan.
- Prisão: os 14 tripulantes retornaram à China na segunda-feira da semana passada com um voo fretado por Pequim, enquanto o capitão continuou detido no Japão para investigação.
- Corte de relações: a China anunciou a suspensão de contatos no domingo, logo após uma corte japonesa aprovar a prorrogação do período de detenção do capitão Zhan Qixiong por mais dez dias.
Fonte: Folhapress
Tóquio - O Japão pediu ontem que a China permaneça calma e não piore as rusgas diplomáticas entre os dois países. O apelo foi feito após Pequim suspender contatos de alto nível e cancelar uma visita de jovens japoneses, por causa da detenção de um capitão chinês de um barco pesqueiro perto de ilhas em disputa.
A ação da China levou as já tensas relações bilaterais para um nível ainda pior e mostrou que Pequim está disposta a jogar duro com seu rival asiático em assuntos de integridade territorial o que inclui disputar com o Japão campos de gás no mar oriental da China.
No final do domingo, Pequim anunciou o rompimento de contatos ministeriais e provinciais, voltou atrás em conversas sobre assuntos de aviação e adiou encontros para discutir assuntos ligados a energia, incluindo uma segunda rodada de negociações com o Japão sobre reservas de gás.
Ontem, uma organização oficial chinesa de jovens cancelou uma visita de mil japoneses a Xangai, acrescentando mais pressão sobre a diplomacia.
"Considerando a situação atual das relações entre China e Japão, achamos que não é um bom momento para sediar tais eventos", disse um representante da Federação de Jovens All-China, em anonimato.
A chancelaria japonesa reclamou da suspensão da visita, que estava prevista para começar hoje.
Escalada
As tensões atuais levaram os laços para os piores níveis desde o governo do ex-premier japonês Junichiro Koizumi (2001-2006), cujas repetidas visitas a um templo de guerra no Japão enfureceram a China.
Isso levantou questões sobre a cooperação entre as nações em reuniões internacionais, como a cúpula da ONU em Nova York nesta semana sobre as metas do milênio e o combate à pobreza, da qual o premier japonês, Naoto Kan, e o presidente chinês, Wen Jiabao, participam.
Embora sejam competidores, China e Japão (segunda e terceira maiores economias do mundo, respectivamente) ampliaram o comércio nos últimos anos.
O porta-voz de Kan, Noriyuki Shikata, disse que a China ainda não comunicou oficialmente a suspensão de contatos e relações. "Nós pedimos calma e ações prudentes da China para não piorar a situação", disse Shikata. Qualquer decisão chinesa de suspender contatos seria "realmente lamentável".
Enquanto isso, o chanceler chinês disse que as ações do Japão prejudicaram seriamente as relações.
"Se o Japão age de forma insistente, cometendo erro após erro, a China vai tomar fortes medidas em resposta, e todas as consequências serão levadas adiante pelo lado japonês", disse o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores chinês, Ma Zhaoxu.
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