• Carregando...

A Compagás, distribuidora de gás natural no Paraná, informou ontem que a decisão do presidente boliviano Evo Morales, de nacionalizar as operações do combustível, não vai afetar o abastecimento no estado. "O contrato de venda de gás entre a Petrobrás e o governo da Bolívia vai até 2019, e é com este horizonte que nós trabalhamos. Até porque a Petrobrás disse que garante o abastecimento", afirmou o presidente da Compagás, Luiz Carlos Meinert. Questionado sobre um possível aumento nos preços do combustível, Meinert avaliou que ainda é cedo para especulações.

A companhia vende 750 mil metros cúbicos de gás por dia – 90% para indústrias e 10% para residências, comércio e automóveis – e tem como principais clientes empresas do setor de geração de energia, louça e porcelana, madeireiro e alimentício (leia mais nesta página).

Apesar de o Paraná – assim como Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Santa Catarina e parte de São Paulo – depender totalmente do gás boliviano, que chega ao estado pelo gasoduto Bolívia-Brasil, Meinert não considera a hipótese de racionamento. "Em caso de falta do gás, como aconteceu quando houve o rompimento no gasoduto, a política da Petrobrás é reduzir o consumo nas refinarias e nas usinas termelétricas, o que representa um corte de 9 milhões de metros cúbicos por dia. Desta forma, as distribuidoras estaduais não sofrem", analisa. Os planos da Petrobrás de reduzir a dependência do gás boliviano também são um fator tranquilizante para Meinert. "A Petrobrás vai iniciar em 2009 a exploração de gás natural na bacia de Santos, com a perspectiva de reduzir a participação de gás boliviano consumido no país de 51% para cerca de 30%, o que seria mais que suficiente para a demanda do Paraná". Até o momento, a Compagás não estuda cortes em investimentos ou redução na perspectiva de crescimento da companhia em função do decreto de Morales.

O presidente da Compagás ressaltou ainda que considera a questão do gás natural muito mais política do que econômica. "Nós, que estamos no final da cadeia, na distribuição, temos que esperar o desdobramento político da questão". Por outro lado, Meinert acredita que o governo boliviano – que segundo ele surpreendeu não apenas o setor produtivo mas o governo brasileiro –, pode ter de recuar, já que o Brasil é seu principal cliente. "A Bolívia vende até 30 milhões de metros cúbicos por dia para o Brasil, o que não é pouco", conclui.

A Compagás, empresa mista que tem como acionistas a Copel, a Petrobrás e a Dutopar, tem hoje 430 quilômetros de rede e atende aos municípios de Curitiba, Ponta Grossa, Palmeira, Balsa Nova, Araucária, Campo Largo e São José dos Pinhais.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]