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Há 17 dias acampados na Praça Tahrir, centro do Cairo, opositores de Mubarak dizem que não deixarão o local enquanto o presidente não renunciar | Dylan Martinez / Reuters
Há 17 dias acampados na Praça Tahrir, centro do Cairo, opositores de Mubarak dizem que não deixarão o local enquanto o presidente não renunciar| Foto: Dylan Martinez / Reuters

ElBaradei prevê "explosão"

Mohammed ElBaradei, Prêmio Nobel da Paz e um dos líderes da oposição egípcia, disse ontem à noite que o Egito "irá explodir" se não houver uma mudança po­­lítica e o presidente Hosni Mu­­ba­­rak não deixar o cargo. "O Exér­­­­cito precisa salvar o país agora", disse ElBaradei.

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Opinião: Mubarak é um velho teimoso e está delirando

As propostas de Osni Mubarak são, obviamente, inaceitáveis para o povo egípcio. O discurso do presidente foi um poderoso lembrete da capacidade única que os ditadores possuem de se enganarem e se verem como indispensáveis.

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  • O presidente Mubarak durante discurso na tevê:
  • Veja que manifestações contra o ditador tiveram origem em janeiro

Cairo - Depois de 17 dias de revolta, mais de 300 mortos e pressões internas e externas, o ditador do Egito, Hosni Mubarak, 82 anos, há 30 anos no cargo, foi à tevê ontem para dizer que fica. O discurso do ditador – que também rechaçou "pressões externas’’ sobre o regime, em claro recado aos EUA – foi um balde de água fria nos milhares de manifestantes que lotaram a Praça Tahrir, epicentro dos protestos no Cairo, sob forte expectativa de que ele renunciasse.

Furiosa, a multidão respondeu com gritos de "fora!" à fala de Mubarak, que negou deixar o cargo até a eleição presidencial, prevista para setembro. Até as 20 h, manifestantes ameaçavam se dirigir ao palácio presidencial e invadir o prédio da tevê estatal.

Repetindo o que dissera em ocasiões anteriores sobre não con­­correr a um sexto mandato, o di­­tador afirmou que cumprirá "até o fim’’ o caminho da transição pa­­cífica e que entregará o poder àquele que o povo escolher.

Mubarak afirmou, ainda, que delegará alguns de seus poderes – não especificou quais – ao vice-presidente, Omar Suleiman.

O ditador declarou também que reconhecia "erros’’ e disse que pretendia honrar os sacrifícios dos mortos, que classificou como "mártires’’, durante as qua­­se três semanas de rebelião no país.

Pouco antes do pronunciamento de Mubarak, o Exército egípcio anunciara na tevê estatal que to­­maria medidas para evitar o caos no país. O porta-voz do conselho supremo das Forças Arma­­das, liderado pelo ministro da Defesa, Hussein Tantawi, leu na tevê uma declaração em que se dizia que o Exército daria o seu apoio às "le­­gítimas demandas do povo’’.

A declaração e o fato de que nem Mubarak nem Suleiman participaram da reunião do conselho estimularam, durante to­­do o dia, rumores de que haveria golpe militar. Na Praça Tahrir, o general Hassan al Roueini, co­­mandante militar da capital egíp­­cia, afirmou aos manifestantes que os pedidos deles "seriam atendidos’’.

Cenário incerto

Nos últimos dois dias, paralisações irromperam por todo o Egi­­­­to, reverberando os protestos da Praça Tahrir em um cenário de crise econômica, com in­­fla­­ção, desemprego e baixos sa­­lá­­rios.

Após o anúncio de que Mu­­barak fica, é incerto o que acontecerá. Há o temor de que as gre­­ves se estendam.

Ontem, promotores do Egito acusaram de enriquecimento ilícito e mau uso de verba pú­­bli­­ca três ex-ministros de Mu­­barak. Os três deixaram seus car­­gos na primeira semana de re­­belião.

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