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Washington – Jack Kevorkian, o médico americano que disse ter ajudado cerca de 130 pessoas a morrer durante a última década, foi posto ontem em liberdade condicional, após oito anos de prisão.

Kevorkian, de 79 anos, conhecido como "Doutor Morte", foi condenado em 1999 por assassinato em segundo grau, pelo caso de Thomas Youk, de 52 anos, que sofria de esclerose lateral amiotrópica, a quem forneceu uma dose de drogas letais. A pena foi de 10 a 25 anos de prisão, mas a sentença foi reduzida por bom comportamento.

Kevorkian saiu do presídio Lakeland Correctional Facility, em Michigan, e logo em seguida concedeu uma entrevista ao apresentador da "CNN" Larry King, que irá ao ar na segunda-feira. Questionado sobre sua experiência na prisão, o médico brincou: "Foi estupendo, um dos períodos mais interessantes da minha vida".

O médico disse ainda acreditar no direito dos doentes de decidir a hora em que desejam morrer, mas afirmou que não voltará a ajudar-lhes. Caso não cumpra sua promessa, o Doutor Morte retornará à prisão, pois uma das condições para a concessão de sua liberdade condicional, vigente por dois anos, foi a de não voltar a participar de uma eutanásia.

Sua libertação reavivou o debate sobre a eutanásia nos Estados Unidos, e a julgar pela reação inicial, Kevorkian não terá problemas em chamar a atenção do público. Seus primeiros momentos em liberdade foram transmitidos em rede nacional, e seu advogado disse já ter ofertas de contratos muito lucrativas para que o médico dê conferências pelo país.

Para celebrar sua volta, Baird Jones, um comissário de arte especializado em obras famosas, abriu uma exposição dedicada às telas de Kevorkian no clube noturno Webster Hall de Nova Iorque. Pintar é um de seus hobbies, mas também tem a ver com a eutanásia, pois seus quadros freqüentemente mostram figuras sangrentas, caveiras e rostos tristes. Outro de seus passatempos foi a invenção da chamada "máquina do suicídio", um aparelho que permitia a um paciente injetar em si mesmo uma dose letal de potássio e cloreto.

Kevorkian foi processado por sua participação em três suicídios mas, em todos os casos, foi declarado inocente. No entanto, em 1998 ele mesmo aplicou, pela primeira vez, as drogas letais em Youk, que estava praticamente paralisado, e permitiu que a televisão registrasse o ato. Nos Estados Unidos, somente o estado do Oregon permite a eutanásia. Lá, um doente com menos de seis anos de esperança de vida pode pedir legalmente a um médico que lhe conceda remédios para suicidar-se.

Embora outras propostas de lei tenham sido rejeitadas em outros estados, um informe do Pew Research Center, de 2006, mostra que os americanos estão divididos sobre a questão. Apesar de 84% deles defenderem que os pacientes deveriam ter o direito de rejeitar um tratamento para mantê-los com vida, 46% dizem que os médicos não devem ter o direito de ajudar seus pacientes a morrer e 45% dizem que sim.

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