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Familiares e operários que trabalham no resgate dos 33 mineiros comemoram, emocionados, a chegada da perfuradora ao local onde os homens então presos | Hector Retamal / AFP
Familiares e operários que trabalham no resgate dos 33 mineiros comemoram, emocionados, a chegada da perfuradora ao local onde os homens então presos| Foto: Hector Retamal / AFP

Ministro diz que operação não pode ser apressada

Folhapress

São Paulo - O ministro de Mineração do Chile, Laurence Golborne, afirmou ontem que vai levar o tempo que for necessário para decidir qual o melhor modo de resgatar os 33 mineiros presos há 64 dias. Golborne falou pouco depois de a perfuradora T-130 alcançar o local onde estão os mineiros, causando grande euforia e emoção entre os parentes. Apesar do grande marco na operação de resgate, a saída dos mineiros deve ocorrer somente na terça-feira.

Após escavar o poço, as equipes de resgate vão desmontar as 105 peças da perfuradora para passar câmeras e examinar a segurança das paredes do túnel. Se elas forem uniformes e fortes o suficiente, vão preparar o túnel para a passagem da cápsula que trará, um a um, os mineiros.

A grande dúvida no momento é se o túnel será ou não protegido com placas de aço, uma garantia para que as paredes não desmoronem durante o resgate. O processo pode atrasar por no mínimo cinco dias o resgate.

Ansiolítico

"Jimmy está uma pilha. Ele está muito ansioso. E nós, mais ainda’’, disse Norma Lagues, mãe de Jimmy Sánchez, de 19 anos, o mais jovem entre os 33 operários presos na mina San José. Mas já está descartada a hipótese de ministrar aos homens medicamentos ansiolíticos.

De acordo com o ministro da Saúde, Jaime Mañalich, "eles precisam estar absolutamente alertas na hora do resgate’’, para que possam ajudar na subida da gaiola, inclusive a desenganchando de eventuais arestas que surjam no caminho. Os mineiros também serão obrigados a fazer um jejum de oito horas antes de entrar na cápsula, por causa do imenso estresse pelo qual passarão no período de transporte à superfície.

Em média, cada um emagreceu 10 kg. Quando foram encontrados, tiveram de se sujeitar a uma rotina férrea, imposta por psicólogos e técnicos da Nasa (a agência espacial norte-americana)especializados em sobrevivência em condições extremas. Tinham horários de vigília e de sono determinados, divisão de tarefas, obrigação de um máximo de vivências em grupo, exercícios físicos compulsórios etc.

  • Veja infográfico com detalhes de como será feito o resgate

A perfuradora Schramm T-130, utilizada pelas equipes de resgate na abertura do túnel batizado como plano B, chegou neste sábado ao fundo do poço de 630 metros por onde serão içados os 33 mineiros presos desde o dia 5 de agosto no interior da mina. Eles ficaram confinados quando uma rocha localizada acima deles desabou, fechando a única saída para o mundo exterior. A confirmação de que os trabalhadores estavam vivos, porém, só foi possível 17 dias após o soterramento.

Para chegar até o local onde os 33 mineiros estão abrigados, as equipes de resgate traçaram três estratégias diferentes. Foram usadas três perfuradoras pa­­ra abrir três poços distintos, no­­meados como A, B e C. A perfuradora Strata 950, utilizada no plano A, chegou aos 587 metros de profundidade na sexta-feira. Ela perfurou um duto de 33 cm de diâmetro, o qual teria de ser alargado pa­­ra 70 cm. Mas com o sucesso da perfuração do poço B, o go­­verno chileno já estuda a possibilidade de desativar a Strata 950, pois sua atividade prejudicaria a movimentação das equipes de resgate du­­rante os dias de salvamento. A perfuradora RIG-422, utilizada no túnel C, chegou a 350 metros e terá sua atividade continuada. O poço C será usado caso aconteça algum imprevisto du­­rante os resgates no poço B.

Com a intenção de garantir o su­­cesso da operação, o governo chileno e as equipes de resgate realizaram uma simulação do salvamento durante a tarde de sexta-feira. O ensaio contou com a presença de um grupo de 16 especialistas (socorristas e técnicos) que trabalharão diretamente no resgate. Segundo cálculos prévios da equipe, a retirada de cada mineiro levará cerca de uma hora e meia. Esse é o tempo necessário para des­­cer e subir a gaiola Fênix – estrutura que acomodará os trabalhadores durante o içamento.

À espera

Enquanto os mineiros aguardam o início dos trabalhos de içamento, do lado de fora da mina as famílias, os repórteres, as equipes de resgate e as autoridades vivem ho­­ras de grande ansiedade. So­­ledad Neira, repórter do jornal chileno El Mercurio, está no local do resgate e conversou com a Gazeta do Po­­vo. De acordo com a jornalista, a expectativa gerada pela possibilidade de saída do primeiro mineiro tem levado os espectadores praticamente à comoção. "Apesar dis­­so, não se sabe quando eles serão resgatados. Os mineiros permanecem saudáveis e, segundo o boletim médico divulgado recentemente, prontos para sair a qual­­quer momento", afirma Neira.

Os 33 mineiros serão içados individualmente. Como o tempo utilizado para descer e subir a gaiola será de uma hora e meia, calcula-se que todo o processo de resgate dos mineiros leve cerca de dois a três dias. Mas, antes de iniciar os içamentos, é preciso de­­finir outras questões relativas à segurança da operação.

Outra questão que ainda carece de definição diz respeito à or­­dem de subida dos trabalhadores. Afinal, quem será o primeiro mi­­neiro a ser retirado da mina? As notícias obtidas até agora dizem que essa tarefa será de responsabilidade dos dois especialistas. Eles serão os primeiros a usar a gaiola Fênix. Ela os levará, individualmente, até o fundo da mina onde analisarão as condições do grupo e só então estabelecerão uma or­­dem para o içamento dos trabalhadores.

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