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Curitiba – Os 180 países signatários do Tratado de Montreal, que trata da proteção à camada de ozônio, são incentivados, nesta época do ano, a refletir sobre o cumprimento das metas para o banimento do uso de substâncias como o clorofluorcarbono (CFC), danoso à cobertura que protege a Terra dos raios nocivos do sol. Às vésperas do Dia da Prevenção da Camada de Ozônio, celebrado ontem, a Organização das Nações Unidas (ONU) anunciou que a cobertura levará pelo menos mais 15 anos para se recuperar. Os cientistas estimam que somente em 1965 o buraco na atmosfera deixará de existir. Para se ter uma idéia da redução, o buraco da camada de ozônio era de 16 milhões de metros quadrados em 2005, mais de 10% menor que os 18 milhões de metros quadrados medidos em 2003.

Muitos especialistas estão otimistas com este cenário e acreditam que os países signatários do Tratado de Montreal irão alcançar as metas de redução do uso de CFC, empregado, por exemplo, no antigo modelo de frascos aerossóis. Um deles é Samy Hotinsky, especialista em mudanças climáticas da Environmental Resources Management Brasil (ERM), prestadora de serviços de consultoria ambiental que atua em 39 países. Confira alguns trechos da entrevista que ele concedeu por telefone.

Gazeta do Povo – Que fatores levam se apostar na previsão de que a camada de ozônio estará plenamente recuperada em 2065?

Samy Hotinsky – A ação global em torno do banimento do uso dos gases como CFC que provocam a destruição da camada de ozônio. O programa da ONU para conter o uso do CFC tem sido um sucesso e isso nos faz acreditar que a camada de ozônio estará recomposta em seis décadas. A partir do Protocolo de Montreal, firmado em 1987, o uso do CFC foi banido e deflagrou-se, no mundo todo, a busca por substitutos.

O que precisa ser feito até lá para que se consiga a recuperação?

Os países que possuem os programas para a contenção e substituição do uso do CFC precisam mantê-los estáveis no longo prazo. Para o Brasil, por exemplo, a data limite estabelecida foi 2010. Cada país tem de cumprir a sua meta. A ONU estabeleceu metas e prazos para redução e banimento do uso do CFC para países desenvolvidos, que terminou em 1996, e os em desenvolvimento têm prazos diferenciados.

O senhor acha que os países irão conseguir cumprir a meta?

Acho que sim. O governo brasileiro, por exemplo, resolveu reduzir a data limite e estabeleceu que até 2007 será banido a produção e importação de CFC. Desde 1999, não há produção de CFC no Brasil. Depois de ter sido definida a data limite de 2010 para os países em desenvolvimento, coube a cada nação estudar a viabilidade de antecipar o prazo.

O que deve ser priorizado?

Os países precisam impor metas principalmente para os setores industriais, com o de refrigeração que é um grande consumidor de CFC, e proibir o uso dessas substâncias. Tudo leva a crer que a meta de 2065 será alcançada porque economicamente é viável substituir o uso do CFC. Não custa tanto para a indústria fazer isso e o custo para a sociedade não é tão alto. Diferente da redução dos gases do efeito estufa que tem elevados custos.

Tem havido a cobrança devida para que os países cumpram suas metas?

Quando um país adere a um protocolo internacional, automaticamente isso se torna também uma política nacional. Ou seja, é um compromisso assumido diante de toda a comunidade internacional que, claro, precisa ser cumprido. O Dia da Prevenção da Camada de Ozônio também serve para reforçar essa idéia.

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