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Na contramão do pessimismo mostrado por muitos analistas da situação na Líbia, George Grant, diretor da Henry Jackson Society, um dos principais grupos de estudos de conflitos internacionais do Reino Unido, diz nesta entrevista à Agência O Globo que não vê tantos riscos de iminente queda do regime de Muamar Kadafi criar um vácuo de poder no país comparável ao do Iraque pós-Saddam Hussein.

O quão instável pode ser a Líbia pós-Kadafi?

Temos visto muitas previsões de um cenário apocalíptico, mas pode ser prematuro imaginar um vácuo de poder. O Conselho Na­­cio­­nal de Transição tem mos­­tra­­do coordenação com a comuni­­dade internacional e há evidência de que está se articulando no recrutamento de autoridades do antigo regime, incluindo da área de segurança, para tentar ga­­ran­­tir um mínimo de estabilidade. E estamos falando também de um país com vastas reservas de petróleo, o que é sempre garantia de verbas para a transição.

O Iraque também tem reservas e nem por isso escapou do caos. Como a Líbia pode ser diferente?

Ao contrário do Iraque, a Líbia não teve a arquitetura do regime totalmente desarticulada. Outro ponto importante é como o caminho dos rebeldes para Trípoli foi aberto com facilidade, o que mostra como o apoio a Kadafi se esvaiu na primeira oportunidade real. E o CNT está se comportan­­do de maneira apaziguadora quando insiste em não praticar atos de vingança e se comprome­­te a proteger os filhos de Kadafi.

Mas não há o risco de desordem num país com tantas armas entre a população?

Não é a situação ideal, mas Kadafi não teria ficado quatro décadas no poder se a Líbia fosse uma anarquia. Claro que é preciso ver como ficará a oposição depois de o principal fator unificador, Kadafi, estar fora da equação. Só acho prematuro assumirmos que haverá uma batalha interna. A oposição líbia certamente viu o que aconteceu no Iraque pós-Saddam e terá o interesse em evitar o mesmo cenário.

O quão importante é o destino de Kadafi?

Se for capturado, o coronel tem direito a um julgamento justo. Onde? Isso é uma decisão que precisa ser tomada pelos líbios, mas uma alternativa pode ser o Tribunal Penal Internacional de Haia, que existe justamente para garantir um processo judicial isento em condições delicadas.

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