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Cidade de Xangai, principal porto da China, vive lockdown rígido desde março
Cidade de Xangai, principal porto da China, vive lockdown rígido desde março| Foto: EFE

A insistência do Partido Comunista Chinês na política "Covid Zero", cujo objetivo é eliminar qualquer vestígio do coronavírus na China através de rígidas medidas de bloqueio e vigilância, deve surtir efeitos drásticos na economia do país: segundo economistas, a repressão deve fazer com que o crescimento econômico anual chinês chegue a 5%, abaixo da meta oficial de 5,5%.

Ao confinar milhões de pessoas em suas casas, o governo inibiu os gastos da população e interrompeu a produção em grandes centros comerciais, a começar pela região de Xangai. Embora o primeiro-ministro Li Keqiang tenha alertado repetidamente sobre os riscos ao crescimento econômico, o ditador Xi Jinping se mantém inflexível e afirmou nesta semana que “o trabalho de prevenção e controle não pode ser relaxado”.

Epicentro do recente surto - o maior desde 2020 -, a cidade portuária de Xangai foi completamente fechada pelas autoridades, provocando o maior congestionamento de navios já visto no porto e em outras paradas que recebem as remessas desviadas: de acordo com dados de transporte da Bloomberg, o número de navios porta-contêineres esperando em Xangai em 11 de abril era 15% maior do que um mês antes.

Além disso, falta dos trabalhadores, impedidos de sair de suas casas, está atrasando a entrega de documentos exigidos para que os navios deixem suas cargas, enquanto navios que transportam cobre e minério de ferro - metais essenciais para a economia chinesa - ficam retidos no mar devido à falta de caminhões para realizar o transporte do porto às usinas de processamento. Em paralelo, os fabricantes de metais domésticos enfrentam obstáculos para transportar matérias-primas e produtos, levando seis das doze fábricas de barras de cobre nas províncias vizinhas de Xangai anunciarem que pretendem interromper a produção.

A importação de commodities também sofreu o impacto das medidas restritivas já no mês de março: somadas à guerra na Ucrânia, as decisões do governo chinês fizeram com que as compras de gás natural caíssem abaixo de 8 milhões de toneladas, o menor nível desde outubro de 2020. As importações de gás natural liquefeito no primeiro trimestre caíram 14% em relação ao mesmo período do ano passado, à medida em que os preços internacionais disparam e a demanda doméstica permanece estagnada: os voos diários foram reduzidos a níveis mais baixo do que no auge da pandemia em 2020 e as viagens de trens com passageiros só chegam a 30% do nível normal.

O peso do autoritarismo também é sentido pelas empresas de tecnologia que congelaram suas operações desde o mês passado, incluindo algumas das principais fabricantes do país. Segundo a Bloomberg, na última quarta-feira, mais de 30 empresas taiwanesas, incluindo a Pegatron Corp. e a fabricante de Macbook Quanta Computer Inc., interromperam a produção nos centros eletrônicos do leste da China por causa das regras da Covid. A fábrica da Tesla Inc. em Xangai, responsável pela produção de cerca de 2 mil carros por dia, está fechada desde 28 de março. A Volkswagen também foi forçada a suspender seus trabalhos, atrasando entregas para fornecedores próximos.

Há, por fim, o fantasma da inflação: os preços dos vegetais frescos subiram 17,2% no ano em março, em comparação com uma queda de 0,1% em fevereiro, segundo dados do Departamento Nacional de Estatísticas. Nem mesmo os agricultores chineses do nordeste do país, região responsável pela produção de mais de um quinto dos grãos da China, puderam sair para trabalhar.

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