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Mulheres egípcias cortam o cabelo em protesto contra a nova Constituição do país, de forte inspiração islâmica. Opositores acusam o texto da Carta de enfraquecer os direitos humanos | Khaled Desouki/AFP
Mulheres egípcias cortam o cabelo em protesto contra a nova Constituição do país, de forte inspiração islâmica. Opositores acusam o texto da Carta de enfraquecer os direitos humanos| Foto: Khaled Desouki/AFP

Economia

Instabilidade política provoca corrida bancária

Com a economia fragilizada pela instabilidade política, o Egito proibiu ontem que viajantes entrem ou saiam do país transportando em moeda estrangeira o equivalente a mais de US$ 10 mil (cerca de R$ 20 mil). Também foi vetado o envio por correio de quantias acima desse limite.

A medida foi tomada após a população ter iniciado uma corrida aos bancos, em meio a temores sobre a saúde financeira do governo e a apostas de que a libra egípcia irá se desvalorizar mais com o cenário político incerto.

O movimento se intensificou nos últimos dias quando ficou claro, com base em apuração informal, que a nova Constituição, de forte inspiração islâmica, tinha sido aprovada em referendo.

Desde a queda do ditador Hosni Mubarak, em fevereiro de 2011, o governo gastou cerca de US$ 20 bilhões de suas reservas internacionais para segurar a cotação da libra egípcia, impactada pela queda dos investimentos estrangeiros e pela redução do número de turistas. O déficit público também cresceu.

A crise atual ainda levou Mursi a adiar um pacote de ajuda do FMI no valor de US$ 4,8 bilhões, que exigiria a adoção de medidas impopulares de austeridade.

A nova Constituição do Egito, redigida por uma Assembleia dominada por setores islâmicos conservadores que apoiam o presidente, Mohamed Mursi, foi aprovada em referendo popular com 63,8% dos votos.

O resultado oficial corrobora os números divulgados antes do encerramento da contagem dos votos pela Irmandade Muçulmana, grupo majoritário da Constituinte.

Devido à recusa de muitos juízes em participar da fiscalização do pleito, a votação foi dividida em dois dias. Uma parte das Províncias foi às urnas no dia 15 de dezembro, e outra, no dia 22.

Enquanto a Irmandade Muçulmana anunciava antecipadamente a vitória, a Frente de Salvação Nacional (FSN), principal coalizão de oposição, contestava os resultados prévios, denunciando "fraudes, violações e irregularidades".

A FSN acrescentou que o referendo "não é o fim do caminho", mas "apenas uma batalha" na luta contra o presidente Mursi.

Tensões partidárias

O projeto de Constituição está, há varias semanas, no centro da crise mais grave do Egito desde a eleição Mursi, em junho passado.

As tensões entre partidários e opositores de Mursi culminou, na noite de 5 de dezembro, em confrontos nos arredores do palácio presidencial, no Cairo, que causaram oito mortos.

A oposição argumenta que o texto constitucional abre caminho para interpretações rigorosas do Islã e oferece poucas garantias para certas liberdades, apesar das aspirações democráticas que surgiram com a revolta popular contra Hosni Mubarak, que governou o Egito por três décadas.

Para os partidários do "sim", a aprovação da Cons­tituição trará estabilidade ao país. Um argumento utilizado para tranquilizar os egípcios, muito preocupados depois de dois anos de uma transição turbulenta.

EUA

Os Estados Unidos pediram a todas as correntes no Egito que elevem suas responsabilidades políticas. "O presidente Mursi, na condição de líder democraticamente eleito do Egito, tem uma responsabilidade especial de seguir adiante em um caminho que reconheça a necessidade urgente de construção de uma ponte entre as divisões (políticas)", afirmou o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Patrick Ventrell, em comunicado.

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