• Carregando...

Autor do livro sobre Hosni Mubarak "O último faraó", banido no mundo árabe, o egípcio Aladdin Elaasar diz que a revolta no Egito é um movimento que não pode ser mais contido, e que o povo não aceitará uma ditadura militar. De Chicago, onde vive, Elaasar diz que o Ocidente não deve ter medo desta rebelião e precisa defender a democracia.

O que o senhor imagina que acontecerá com Mubarak daqui para a frente?

A minha previsão é que Mubarak não apenas renunciará mas enfrentará acusações e até a possibilidade de ser julgado por crimes contra a Humanidade e contra seu povo. Muitas pessoas estão preparando denúncias.

O senhor acha que os egípcios aceitarão um governo militar?

Acho que o fato de Mubarak abandonar o posto de comandante das Forças Armadas não pode significar que os militares assumam o poder. Os egípcios não vão aceitar outro ditador, pois querem o fim do regime e esperam eleições livres.

Os manifestantes egípcios têm mostrado organização e maturidade num movimento que pede democracia, não a ascensão de um líder específico. Como chegaram a isso após décadas de ditadura?

Vivemos sob ditadura desde 1952. O que vemos não é uma revolução política, ideológica, estamos vendo todo mundo na rua: jovens e velhos, homens e mulheres, cristãos e muçulmanos, todo tipo de gente. Esse movimento não é sobre ideologia. Ele é sobre direitos humanos básicos, necessidades humanas. As pessoas estão cansadas de viver sob estado de emergência, num país onde há imensa corrupção e tantos pobres. Portanto, essa revolta era inevitável.

O senhor espera uma transformação ainda mais profunda da sociedade egípcia daqui para a frente?

Sim, como você disse, este é um movimento maduro e saudável, espero muitas mudanças, especialmente depois que os EUA pediram a suspensão imediata do estado de segurança. Com uma atmosfera de liberdade e liberdade de imprensa.

Na ausência da liberdade de imprensa, qual foi a importância do YouTube, Facebook, Twitter?

A mídia social tem um enorme papel no Egito e em outros lugares que vivem sob regimes opressivos. Ela funciona como veículo, sim, e não pode ser parada. Vimos isso há dois anos no Irã. Os regimes autoritários do Oriente Médio não podem mais botar o gênio de volta na garrafa. Eles estão preocupados com a população jovem, que está marginalizada, e estão tentando uma maneira de controlar isso para assegurar a sobrevivência de seus regimes. Mas não há caminho de volta. É como uma bola de neve rolando montanha abaixo.

É um momento como a Queda do Muro de Berlim?

Sim, é um momento histórico. O que temos que fazer, no Ocidente, é estar do lado da liberdade e da democracia. Ficar do lado do povo, não dos regimes, se não vamos perdê-lo. O regime Mubarak e outros vendem ao Ocidente o medo do bicho-papão, do extremismo, e vendem à sua população o antiamericanismo, a sensação de que precisam ser protegidos do imperialismo. Fazem um jogo duplo, e todo mundo perde nessa equação.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]