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Manifestação a favor do presidente Mohamed Mursi, no Cairo | Mohamed Abd El Ghany/Reuters
Manifestação a favor do presidente Mohamed Mursi, no Cairo| Foto: Mohamed Abd El Ghany/Reuters

Dezenas de milhares de partidários e opositores do presidente do Egito, Mohamed Mursi, realizaram protestos concorrentes no país ontem, antecedendo as manifestações convocadas pela oposição para amanhã, o que acabou em confrontos que resultaram na morte de pelo menos duas pessoas.

Um cidadão norte-americano foi morto a facadas em Alexandria enquanto registrava um ato contra a Irmandade Muçulmana, à qual Mursi é filiado. Um egípcio também foi morto na cidade. Ao mesmo tempo, pelo menos 85 pessoas ficaram feridas.

A oposição pretende levar multidões às ruas de todo o Egito amanhã para exigir a renúncia do presidente.

Em Alexandria, o general Amin Ezzedin, afirmou que o jovem norte-americano morto ontem não resistiu a uma facada no tórax.

Ezzedin afirmou que o egípcio morto em Alexandria foi baleado na cabeça. Não ficou claro se o manifestante era partidário ou opositor do governo.

A morte do norte-americano foi confirmada por Ibrahim al-Roubi, diretor da unidade de emergência do departamento de saúde da cidade e por outras duas autoridades das forças de segurança locais. "A embaixada dos Estados Unidos soube de relatos sobre a morte de um cidadão norte-americano e está buscando confirmá-los", segundo nota divulgada pela representação diplomática norte-americana.

Nos últimos dias, opositores do presidente e integrantes da Irmandade Muçulmana têm entrado em confronto em várias cidades do delta do Rio Nilo. Os combates deixaram pelo menos cinco mortos.

Fuga

O Aeroporto Internacional do Cairo estava lotado de passageiros deixando o país ontem. Segundo funcionários do terminal, trata-se de um êxodo sem precedentes. As mesmas fontes afirmaram que os últimos voos com destino a Europa, EUA e países do Golfo Pérsico partiam com todos os assentos ocupados.

Muitos dos que viajam são familiares de autoridades egípcias e de empresários, além de diplomatas estrangeiros. Vários cristãos egípcios também deixavam o país, segundo as fontes aeroportuárias.

Tanto partidários do governo como seus opositores afirmam que se manifestavam pacificamente, acusando-se mutuamente pela violência. A manifestação pró-Mursi ocorreu na mesquita Rabia el-Adawiya, no Cairo, não muito longe do palácio presidencial, que é um dos locais onde a oposição pretende realizar seu protesto de amanhã.

Tensão

Clérigos alertam para "guerra civil" e pedem calma

Reuters

As principais autoridades religiosas do Egito advertiram ontem sobre uma "guerra civil" e pediram calma em meio à disseminação da violência no país.

"É necessária vigilância para garantir que não vamos entrar em guerra civil", disseram clérigos do milenar Instituto Al-Azhar, um dos mais influentes centros do mundo islâmico.

Em comunicado amplamente favorável a Mursi, eles pediram diálogo e culparam "gangues criminosas" que cercaram mesquitas para cometer atos de violência que, segundo a Irmandade Muçulmana, mataram ao menos cinco pessoas em uma semana.

O braço político da Irmandade alertou para "terríveis consequências que colocariam o país em uma espiral violenta de anarquia", culpando pessoalmente líderes liberais, incluindo o ex-diplomata da ONU Mohamed ElBaradei, de incitar violência por parte de "bandidos" que foram contratados pelo ditador deposto, Hosni Mubarak.

EUA

O governo dos Estados Unidos pediu a seus cidadãos que evitem viagens não essenciais ao Egito nos próximos dias devido à instabilidade política e social no país árabe.

O Departamento de Estado também autorizou o retorno ao país de um número limitado de funcionários não emergenciais da embaixada no Cairo e seus familiares.

O anúncio foi feito ontem, após a confirmação da morte de um americano durante confrontos num protesto em Alexandria.

Num alerta anterior, feito em 15 de maio, o Departamento de Estado demonstrava preocupação com a possibilidade de continuar a agitação política e social no país. No entanto, na época, o governo americano apenas orientou os americanos a ficarem atentos às condições de segurança no local.

Quanto aos funcionários da embaixada, o governo especificou que deu permissão e não ordem de retirada e que arcará com as despesas da saída.

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