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Manifestantes seguram granadas de gás deflagradas durante confrontos com forças de segurança do Egito | REUTERS/Amr Abdallah Dalsh
Manifestantes seguram granadas de gás deflagradas durante confrontos com forças de segurança do Egito| Foto: REUTERS/Amr Abdallah Dalsh

Nessa sexta-feira (29), mais de oitenta pessoas foram presas em manifestações contra a nova lei que pede autorização para as manifestações e também para criticar a nova proposta de Constituição feita pelo governo interino. De acordo com o ministério do Interior, ao menos 86 pessoas foram detidas em todo o país.

A truculência de polícia e Exército seguiu-se a uma polêmica legislação, aprovada na semana passada, que exige autorização do governo para quaisquer atos públicos com mais de dez pessoas. E entre rumores de que uma nova Constituição ampliaria ainda mais os poderes dos militares, os protestos e a violência voltaram às ruas do país.

As forças de segurança, que eram mais receosa em relação aos protestos em universidades, romperam a barreira da proteção psicológica nos campi, e a repressão violenta chegou aos estudantes.

"Essa lei que tenta banir atos públicos significa que o Exército será um Estado dentro do Estado", disse o advogado Gamal Eid.

Em todo o Egito, ONGs e ativistas de direitos humanos denunciam a volta da corrupção e da brutalidade da polícia, trazendo de volta o Estado policial da ditadura de Hosni Mubarak.

"Estamos numa fase pior que a de Mubarak. A segurança ganhou poderes e há muitas prisões arbitrárias. Quando querem botar a mão em alguém, fazem e depois costuram uma acusação", acusou outro advogado, Ahmed Helmi.

Desde julho, quando um golpe militar destituiu, com apoio de parte da população, o presidente islamista Mohamed Mursi, pelo menos 3.000 pessoas foram presas - entre elas o popular blogueiro e ativista pró-democracia Alaa Abdel Fattah, detido há dois dias, acusado de incitar protestos contra a nova Constituição. A Carta Magna vem sendo reescrita desde setembro por uma comissão de 50 pessoas. Segundo o jornal estatal "al-Ahram", há indícios de que o documento não só mantém como ainda expande os privilégios da elite militar na vida política.

Sem partidos religiosos

Um trecho da Constituição revelado pelo "al-Ahram" mostra, por exemplo, que a escolha do futuro ministro da Defesa deverá ser submetida à aprovação do Supremo Conselho das Forças Armadas (Scaf) para um mandato de oito anos. Partidos "com base religiosa" seriam proibidos - o que possivelmente abriria caminho para a dissolução da Irmandade Muçulmana e do al-Nour, que ganharam as maiores bancadas nas caóticas eleições que se seguiram à deposição de Mubarak. E, ainda, a nova Carta também permitiria que civis fossem julgados por cortes militares.Prisão de ativista

Na quinta-feira um ativista egípcio foi preso sob essa nova lei. O blogueiro Alaa Abdel Fattah, símbolo dos protestos de 2011 que levaram à queda do ditador Hosni Mubarak, foi detido em casa, segundo as autoridades. A mulher de Fattah disse no twitter que a policia bateu nela enquanto levava o marido.

"Eles roubaram nosso laptop e nossos celulares", escreveu.

Abdel Fattah teve a prisão decretada por convocar protestos contra a nova Constituição, que permite que civis sejam julgados em cortes militares.

"Essas acusações eu não nego", disse ele, que descreveu a acusação como "uma honra".

Para Heba Morayef, diretora do Human Rights Watch do Egito, a nova lei dá margem para que a polícia atue seletivamente contra ativistas.

"Esse é um movimento totalmente desnecessário do ministro do Interior", disse.

Ahmed Maher, um dos fundadores do movimento 6 de Abril - que liderou a Primavera Árabe no país - também teve uma ordem de prisão emitida.

Perdão para as 21 rosas brancasApesar da repressão de sexta-feira, o presidente interino do Egito anunciou nesta sexta-feira que vai perdoar um grupo de 21 mulheres condenadas a 11 anos de prisão após fazerem um protesto pacífico. Metade delas é menor de idade.

As condenadas, que ficaram conhecidas como rosas brancas pela cor de suas roupas, são simpatizantes de Mursi e receberam a pena após formarem uma corrente humana e distribuir panfletos na cidade de Alexandria.

"O presidente Adly Mansour irá perdoar as mulheres de Alexandria após o processo judicial ter sido finalizado de acordo com a Constituição", disse o governo em um comunicado.

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