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| Foto: REUTERS/Suhaib Salem

Exército nega ter disparado contra manifestantes fiéis a Mursi

Uma fonte militar negou que o Exército egípcio tenha disparado contra fiéis ao presidente deposto Mohammed Mursi na frente da sede da Guarda Republicana.

Segundo a fonte, um grupo armado tentou entrar no prédio da Guarda Republicana e, ao fracassar por causa da grande presença de forças de segurança em seu interior, disparou de maneira indiscriminada contra os manifestantes para causar o caos e facilitar o ataque.

Leia a matéria completa

  • Militares guardam a entrada da sede da Guarda Republicana, no Cairo
  • Tensão entre manifestantes pró-Mursi e soldados do Exército egípcio
  • Partidários de Mursi carregam o corpo de um manifestante morto no confronto
  • Manifestantes mostram bandeira egípcia durante o protesto
  • Islâmicos rezam durante a manifestação na sede da Guarda Republicana
  • Manifestantes e soldados se intimidam em ponto de bloqueio

O Egito vai realizar uma nova eleição parlamentar depois que alterações à Constituição suspensa do país forem aprovadas em referendo, decretou o chefe de Estado interino nesta segunda-feira, estabelecendo um prazo que poderá abrir caminho para uma eleição legislativa em cerca de seis meses.

Uma eleição presidencial deverá ser convocada depois que uma nova Câmara Legislativa for formada, segundo o decreto, que também estabeleceu um período de quatro meses e meio para as alterações à controversa Constituição que foi aprovada em dezembro.

Veja mais fotos do massacre no Cairo

Essa Constituição foi suspensa na semana passada quando o Exército depôs o presidente islâmico, Mohamed Mursi, após grandes protestos populares contra o seu governo.

O decreto deu ao chefe de Estado interino o poder de emitir leis após se consultar com um governo que deve ser formado em breve e até que um novo Parlamento seja eleito.

O decreto também manteve um artigo que está na Constituição do Egito há décadas que define os princípios da lei islâmica, a sharia, principal fonte da legislação do país.

No que pareceu ser um gesto a partidos islâmicos, o decreto também incluiu mais da linguagem controversa colocada na Constituição no ano passado por islamistas e que definiu os princípios da sharia. Liberais e cristãos se opuseram ao artigo que, como vários outros, deu ao texto um tom islâmico.

Porta-vozes da coligação liberal Frente de Salvação Nacional e o segundo maior grupo islâmico, o Partido Nour, que concordaram com o roteiro de transição apresentado pelo Exército, disseram que precisavam de tempo para ler o decreto e consultar suas lideranças antes de se pronunciarem.Violência se intensifica

Enquanto a Irmandade Muçulmana promete que não vai deixar as ruas até que o presidente deposto Mohamed Mursi reassuma o cargo, a violência se intensifica no Egito. De acordo com o Ministério da Saúde, confrontos entre manifestantes pró-Mursi e o Exército em frente à sede da Guarda Republicana, onde se acredita que o presidente esteja preso, deixaram pelo menos 54 mortos - 51 manifestantes e três integrantes das forças de segurança - e 322 feridos na manhã desta segunda-feira (8). Após o derramamento de sangue, o grupo islâmico convocou os egípcios a uma intifada - levantamento popular - contra os militares e o que eles chamam de políticos golpistas.

O número de vítimas fatais do confronto, ocorrido do lado de fora da sede da Guarda Republicana, no Cairo, é o maior em um único incidente desde que grandes manifestações levaram à queda do governo de Mursi.

O tiroteio ocorreu nas primeiras horas desta manhã. Centenas de pessoas permanecem concentradas há dias nas proximidades da Guarda Republicana. As versões sobre o início da violência variam. As forças de segurança alegaram que um "grupo terrorista" tentou invadir o quartel e matou um soldado. Segundo o Exército, um oficial foi morto e 40 soldados ficaram feridos, incluindo sete em estado crítico.

Já o porta-voz da Irmandade Muçulmana Gehad El-Haddad, que está em uma mesquita perto do local pró-Mursi, disse que o tiroteio eclodiu enquanto os islâmicos estavam orando e participavam de uma manifestação pacífica do lado de fora do quartel. Murad Ali, da Liberdade da Irmandade e do Partido de Justiça, afirmou que 34 apoiadores de Mursi foram mortos.

Em protesto contra o que chamou de "massacre da Guarda Republicana", o partido islâmico ultra conservador Nour, que inicialmente apoiou a intervenção militar que levou à derrubada de Mursi, disse que se retirava das negociações paralisadas para formar um governo interino de transição até que sejam convocadas novas eleições.

"Nós anunciamos nossa retirada de todas as faixas de negociações, como primeira resposta", disse Nader Bakar, porta-voz do segundo maior partido islâmico do Egito, no Facebook.

A Irmandade Muçulmana convocou os egípcios a ser revoltar contra aqueles que "querem roubar" a revolução, em uma declaração feita nesta segunda-feira

"O Partido da Liberdade e da Justiça convoca o grande povo egípcio a se revoltar contra aqueles que querem roubar sua revolução com tanques e veículos blindados, mesmo sobre os corpos das pessoas", disse um comunicado do partido na página do Facebook.

Os militares derrubaram Mursi na última quarta-feira depois de manifestações em massa em todo o país liderados por jovens ativistas que exigiam a sua demissão. A Irmandade denunciou a intervenção como um golpe de Estado e prometeu resistência pacífica contra as "autoridades usurpadoras".

Turquia condena tiroteio no Cairo

O ministro das Relações Exteriores da Turquia, Ahmet Davutoglu, condenou o tiroteio Cairo, descrevendo o incidente como um massacre e pediu o início de um processo de normalização.

"Condeno veementemente o massacre que ocorreu no Egito durante a oração da manhã em nome dos valores humanos fundamentais que nós temos defendido", disse Davutoglu no Twitter.Davutoglu pediu o início de um processo de normalização política que respeite a vontade nacional dos egípcios. O governo da Turquia tem raízes islâmicas, como a Irmandade Muçulmana de Mursi. Davutoglu, na semana passada, denunciou a remoção de Mursi pelo Exército e disse que um golpe militar era inaceitável.

Confronto no Cairo

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