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Neste sábado (9), jornais da Cidade do México estamparam a imagem do narcotraficante. | ALFREDO ESTRELLA/AFP
Neste sábado (9), jornais da Cidade do México estamparam a imagem do narcotraficante.| Foto: ALFREDO ESTRELLA/AFP

Atraído por sua ambição de protagonizar um filme, Joaquín “El Chapo” Guzmán, o narcotraficante mais procurado do mundo até sua recaptura na última sexta-feira (8), voltou à prisão da qual escapou há seis meses em meio a pedidos para extraditá-lo aos Estados Unidos.

O narcotraficante especialista em construções de túneis para o tráfico de drogas e fugas foi preso pela segunda vez em uma estrada da cidade costeira de Los Mochis, no estado de Sinaloa, sua terra natal, após fugir de um confronto entre militares e seus pistoleiros, que deixou cinco suspeitos mortos.

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Correndo pelo sistema de drenagem de Los Mochis, “El Chapo” foi finalmente detido na companhia de seu chefe de segurança, Orso Iván Gastelum, e transferido de helicóptero à penitenciária Altiplano, localizada a 90 km da capital mexicana.

Desta prisão considerada de segurança máxima, “El Chapo” fugiu na noite de 11 de julho por um túnel com entrada no chuveiro de sua cela, cavado durante meses, com uma extensão de mais de 1,5 km, percorridos em minutos a bordo de uma motocicleta adaptada para trilhos.

A “imortalidade” de El Chapo

Após seis meses dessa fuga que representou uma dura humilhação para o governo do presidente Enrique Peña Nieto, o traficante foi recapturado em parte por seu desejo de se imortalizar nas telas de cinema.

“Um aspecto importante que permitiu precisar sua localização foi o de ter descoberto a intenção de Guzmán Loera de fazer um filme biográfico”, disse a procuradora-geral Arely Gómez, que detalhou, inclusive, que Guzmán havia conversado com atrizes e produtores.

“Inclusive, os trabalhos de inteligência permitiram documentar os encontros entre os advogados do agora detido e estas pessoas”, declarou a procuradora-geral.

Fugitivo também em 2001 de uma prisão de Jalisco em um carrinho de lavanderia, a caça de “El Chapo” começou a se concretizar quando as forças de segurança o localizaram em uma casa de Los Mochis, vigiada há meses.

E foi neste local onde ocorreu o mortal tiroteio, durante o qual Guzmán e seu chefe de segurança lançaram mão de seus conhecimentos de passagens de drenagens de Los Mochis. Perseguidos por oficiais da Marinha, saíram por um esgoto, roubaram um automóvel e pegaram uma estrada onde foram interceptados pelos militares.

Com essa mesma estratégia, “El Chapo” conseguiu escapar em 2014 de uma operação na cidade vizinha de Culiacán, mas na ocasião os oficiais da Marinha contemplaram essa possibilidade, explicou a procuradora-geral.

Pedido de extradição

”Missão cumprida: pegamos ele”, escreveu no Twitter o presidente Enrique Peña Nieto na última sexta-feira (8). O governante foi ridicularizado com a fuga do traficante, que contou com a suposta colaboração de uma dezena de detentos e policiais federais.

O governo do presidente Barack Obama elogiou as autoridades mexicanas. Guzmán enfrenta acusações em seis estados dos Estados Unidos por tráfico de drogas.

Nesse sábado (9), a promotoria mexicana informou que Joaquín “El Chapo” Guzmán, o traficante mexicano recapturado enfrentará um processo de extradição nos Estados Unidos.

“Com a recaptura de Guzmán Loera, deverão ter início os respectivos procedimentos de extradição”, em uma data não definida e que inclui as apelações que possam ser feitas pela defesa de “El Chapo”, em cerca de uma semana, afirmou a promotoria.

O prazo para que os advogados de Guzmán possam argumentar para evitar a extradição pode, inclusive, ser ampliado, mas a promotoria adiantou que “apresentará elementos para combater” qualquer estratégia da defesa. A chancelaria tem a decisão final sobre qualquer extradição.

Mas o senador mexicano Miguel Barbosa, líder do opositor Partido da Revolução Democrática (PRD, esquerda), considerou que o narcotraficante deve pagar por seus crimes no México.

“O mais fácil seria extraditar rapidamente ‘El Chapo’, mas uma vez mais o Estado mexicano demonstraria que não tem a força para punir aqueles que cometem crimes em nosso território”, defendeu Barbosa.

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