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Oposição indicou Mohamed ElBaradei (camisa azul) como seu principal porta-voz | Asmaa Waguih / Reuters
Oposição indicou Mohamed ElBaradei (camisa azul) como seu principal porta-voz| Foto: Asmaa Waguih / Reuters

O oposicionista egípcio, Mohamed ElBaradei, pressionou os EUA neste domingo (30) a apoiar os pedidos para que o presidente Hosni Mubarak renuncie, dizendo que o "longo apoio ao ditador" precisa acabar.

Numa série de entrevistas no Cairo, para redes de TV americanas, ElBaradei também disse que ele tem poder para negociar um governo de coalizão e que breve vai se aproximar do exército egípcio, no centro do poder no Egito há mais de meio século.

ElBaradei, ganhador do Prêmio Nobel da Paz pelo seu trabalho com a agência nuclear da ONU, disse que é apenas uma questão de tempo até que Mubarak, que governa o Egito há trinta anos, renuncie. Ele pediu que o presidente dos EUA, Barack Obama, tome uma posição.

"É melhor para o presidente Obama, que ele não seja a última pessoa a dizer ao presidente Mubarak: Está na hora de você sair", ele disse à rede de TV CNN.

ElBaradei, um possível candidato na eleição presidencial do Egito, esse ano, rejeitou os apelos dos EUA para que Mubarak faça amplas reformas econômicas e democráticas, em resposta aos protestos.

"O governo americano não pode pedir aos egípcios que acreditem que um ditador que está no poder há trinta anos, vai implementar a democracia. Isso é uma farsa", ele disse ao programa Face the Nation, de rede de TV CBS.

"A primeira coisa que vai acalmar a situação, será a saída de Mubarak e que ele o faça com alguma dignidade. Caso contrário, temo que a situação fique sangrenta. E vocês, (os EUA) precisam acabar com este longo apoio ao ditador e torcer pelo povo."

ElBaradei voltou ao Egito na noite de quinta-feira, em meio às grandes manifestações de protesto, que deixaram Mubarak se agarrando ao poder e com o exército nas ruas. ElBaradei falou aos manifestantes no Cairo, no domingo.

Unidade Nacional

"Fui autorizado - tenho um mandato - pelas pessoas que organizaram essas manifestações e por diversos outros partidos, para fazer um acordo de um governo de coalizão nacional," ElBaradei disse à CNN.

"Espero logo poder entrar em contato com o exército, precisamos trabalhar em conjunto. O exército é parte do Egito."

O presidente Obama está procurando se equilibrar cuidadosamente, tentando evitar o abandono aberto a Mubarak - um importante aliado estratégico dos EUA há trinta anos - enquanto ao mesmo tempo apoia os manifestantes que buscam mais direitos políticos e exigem a sua saída.

A resposta dos EUA ao retorno de ElBaradei até agora tem sido o silêncio, talvez sinalizando uma certa relutância em ser visto como uma se estivesse interferindo num país que recebe de Washington uma ajuda anual de cerca de US$ 1,5 bilhões.

ElBaradei é muito conhecido em Washington. Ele teve uma relação difícil com a administração do ex-presidente George W. Bush, depois que ele contestou a justificativa dos EUA para a invasão do Iraque, em 2003.

Cedo no domingo, um proeminente membro da Irmandade Muçulmana do Egito disse que as forças da oposição egípcia haviam concordado em apoiar ElBaradei a negociar com o governo.

Em suas entrevistas nos EUA, ElBaradei rejeitou as preocupações sobre extremismo dentro da Irmandade Muçulmana, que é popular entre os mais desfavorecidos, em parte porque ela oferece ajuda social e econômica nos bairros mais carentes.

"Eles não são extremistas. Não estão de jeito nenhum usando violência," ele disse ao programa "This Week" da rede de TV ABC.

"Foi isso que o regime... vendeu ao Ocidente e aos EUA... somos nós, a repressão ou os islamitas iguais aos da al Quaeda."

Ele também rejeitou preocupações de que islamitas radicais estejam por trás da revolta, dizendo que os manifestantes "não têm absolutamente nenhuma ideologia além de quererem enxergar um futuro de esperança, respeito pela sua dignidade e necessidades básicas."

Alguns analistas questionam se ElBaradei, de 68 anos de idade, cuja carreira foi desenvolvida principalmente no exterior, terá influência junto às forças armadas do Egito.

ElBaradei disse que não acredita que o exército se "voltaria contra o povo," se ordenassem. "Acho que o exército está muito do lado do povo," ele disse.

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